30 de jun. de 2017

Anjo triste

Anjo triste, anjo triste. Vai embora. Vai logo. Não há trabalho nem ócio pra você aqui.
Eu sei que você vem carregar algumas certezas e deixar outras. Sei que cumpre seu papel. Mas você deve ir agora. Não preciso mais de você aqui.


Ouça minha súplica: ela segue os 8 ventos. Em todas as direções. Sua indiferença não vai me calar.
Vá embora agora. As certezas não vão me destruir nem me construir.
Vai. É preciso ir agora... Não deixe conclusões.

O anjo triste está no espelho.

27 de jun. de 2017

Não vá se perder...

Depois de viver certos tipos de sentimento, vivenciar menos é como involuir. Involuir é diminuir como pessoa. Encolher. Perder a si mesmo. Esse é o maior prejuízo que qualquer homem pode se dar: retroceder de si mesmo. Então, não conte comigo.

13 de jun. de 2017

Conclusão meio-meia-noite


Sim. Sou triste. Não pretendo esconder a faceta que me descreve. A eterna imagem de rapaz estranho e calado que todo mundo pintava. Tão alto. Tão estranho. Tão calado. Como uma torre na cidade escura...

Meu maior problema é sentir demais. E no mundo inteiro, quase não tenho espaço para o transbordar disso. Então olho pro espaço. Nas estrelas, talvez, alguns sentido no amor infinito. Mas as estrelas, silenciosas e milenares, me mostram apenas uma imagem de milhares de anos-luz. Meu presente se perde. Mora em mim a nostalgia maior das perguntas sem resposta. Oráculos, videntes, macumbeiros vendedores, cristãos e bruxas: ninguém responde. Ninguém encontra. Ninguém alcança.



De vez enquando me visita um anjo triste. E me cobre com a sombra de suas asas. Essa hora é a pior de todas; ou a melhor, já não sei dizer. Rende frutos e alívios. Dar sentido às tristezas é melhor que viver alheio a elas. Então vem o terror. A constatação. As vozes gritando na minha cabeça. Grito, choro, tremo, corro, durmo. Eventualmente, durmo mais que a lua, para não presenciar os sons aterrorizantes do dia. Mas o sol sempre volta. Esse é o sinal de que preciso.

5 de jun. de 2017

O amor, segundo Rodrigo Simões

Acho que ninguém nunca será 100% adequado a ninguém. Sério. Esse papo de alma gêmea, metade da laranja  é tudo uma grande balela pra ilustrar uma perfeição romântica que não existe. As pessoas estão cheias de imperfeições. Todas elas. Sejam físicas, temperamentais, de caráter (que é a mais séria se todas...), opiniões, gostos, e comportamentos divergentes.

Mas quando a gente sente alguma coisa mais profunda por alguém isso sublima alguns critérios que cultivamos por orgulho. Ou medo. Ou qualquer outra coisa que a gente se recuse a enfrentar perante a vida.
O amor - esse estranho, que no fundo é o que todos almejam nessa Terra - serve para nos trazer coragem. Não medo. 
Há quem viva apenas do desejo. E no desejo, trai o maior objetivo da vida. A necessidade de se sentir desejado transforma o ser humano em oco, com fardos cada vez mais pesados de trazer boas impressões no outro  - um caminho de correntes. A boa impressão deveria ocorrer naturalmente, em qualquer estância da vida. Caso contrário, você se torna um falso adorno da vida, sem valor ou nada de concreto, repleto de paixões e mesquinharias. 

O mundo está repleto de paixões e mesquinharias; em todos os cantos. O imediatismo faz as pessoas repetirem sucessivamente os mesmos erros, mentirem e ferirem os outros em nome do próprio ego. O amor salva. Machuca, dasatina, desregula. Mas salva. Vibro pelo amor, a mim, a você. A todos. Que o amor reduza a estupidez desse mundo. Que possa ser um fio de Luz e esperança em qualquer escuridão. Que seja a corda que te ergue do fundo. Que seja o ato que conduz toda nobreza necessária. A felicidade existe. E ela mora sempre em outro alguém. Quando encontrá-la, agarre-a. Viva. Seja intensidade num mundo enevoado de escolhas cinzentas...