19 de mai. de 2009

"Falo pouco; sinto muito."

Falo pouco porque não sinto necessidade de falar; falo pouco e sinto muito; as palavras tem surtido um efeito tão pequeno nas pessoas, e os ventos tem estado tão fracos pra levá-las...
Infelizmente o caminho pra se aproximar é curto, fálico e esburacado, daqueles que se desiste só de olhar. Como a aresta de um abismo, ou qualquer outra coisa abscura e perigosa.
Acho que as relações humanas estão cada vez mais estranhas, os mal entendidos e mau entendedores se multiplicam com a pluralidade de células mortas e a visão se limita ao que está nos espelhos.
Não os culpo; quando se tira esse véu tênue de beleza que nos ensinaram a jogar sobre tudo e todos e nos atiramos na relidade nua e crua entendemos a rara sensação que o mundo não está coberto de jóias. Poucas e poucos são os que valem o mínimo esforço de qualquer parte.
Tem muito carbono e pouco diamante.
Sem falar dos charlatões que insistem em dizer que tudo que tcam vira ouro; e dos bandidos à espreita da distração dos baús abertos.
O modo mais fácil de coexistir na selva de aço é mesmo se manter a salvo - e digo isso não pelo medo da queda, mas com a voz dos gritos de inúmeros tombos. Corações de aço batem e ressoam sempre.
As promessas de um mundo individualista são muito mais promissoras. E não pensem que no individualismo falo de egoísmo ou isolamento, ou ainda arrogância. Falo apenas da clara e objetiva intenção de escolher onde piso. Vejo que as grandes façanhas humanas vieram de momentos de reflexão profunda e puramente individual. São tantos os samaritanos dando esmola e sendo aplaudidos, ou esmolando e sendo cuspidos; as pequenas ações viraram um constante teatro, a sociedade está estéril, e esse cancer consome aos poucos os corações de carne e sangue. As almas foram vendidas e o que sobra é muito pouco.
A integridade das pessoas foi partida por um pequeno feixe de solidão. E o rosto do medo se desenha no embace desse vidro fincado. "Não há futuro" grita esse fanático e sombrio sopro coletivo. Mas a verdade mesmo é que não há sementes; algumas das minhas morreram mas outras àrvores estão em fruto. E conheço, muito mais que antes, o solo que piso. " R. - 19.5.2009

“Não são as ervas daninhas que matam a boa semente, mas sim a negligência do camponês.” Confucio