23 de fev. de 2010

Amanheceu mas ainda está escuro.



É engraçado quando alguns pensamentos possuem nossas mentes de forma tão lasciva e desorientadora.


Pensar na morte faz um pouco disso com a gente; a gente sempre pensa na morte mas eu acho que ninguém tem medo dela; a gente tem medo é de como vai morrer, e do que vai deixar. Acho que não tenho nada de exuberante para mostrar em minha vida, exceto palavras, momentos, coisas assim. Um homem místico – e muito presunçoso – me disse uma vez que é fácil saber quando alguém vai morrer: “...essa pessoa libera um cheiro almiscarado, doce e estranho. É muito fácil perceber se você prestar atenção!”. E quem era Le para dizer uma coisa dessas? Ele era um pederasta mentiroso, descobri depois. Hoje senti esse cheiro em mim, em mim e num incenso. Talvez eu esteja queimando e num paradoxo muito interessante com minha vida eu esteja liberando esses cheiros, que nos roubam por momentos, e deixando cair cinzas. Daquelas que depois que o incenso apaga, só incomoda as pessoas. E no fim fica um palito que só serve pra jogar fora. E a sujeira queimada de uma breve vida.






“Era uma vez uma criança que não sabia se era feliz. Sua fé foi provada de todas as formas, e ele falhou em todos os dias. Cada dia uma pessoa vinha e lhe deixava uma moeda. Mas ele pensava nas moedas que tinham com as pessoas e como elas conseguiam. Um dia ele saiu atrás das moedas e deixou sua luta para trás; deixou sua fé para trás e encontrou a fonte de todas as moedas. Mas quando chegou lá já não sabia mais quem era, pois não lutou e nem acreditou em nada e nem ninguém. Ele não tinha referencias, não tinha horizontes. Só moedas, e nada mais.”


A mim não restam nem mais as moedas.