7 de nov. de 2012

"Mnemosyne"


        Sou mesmo assim, tão difícil de entender? Me disseram, há bem pouco tempo, que possuo uma tendência forte a ser mal interpretado. Não sei se é de mim, mas busquei uma definição vaga, quase universal.

        O que eu quero e busco é tão simples, tão exato, que chega a ser idiota. Mas destoa dos objetivos alheios, cheios de arestas... da maioria esmagadora; vai contra, arranha, corta, mas não quebra. Por consequência, uma agressão sem fim. O que eu quero é tão simples que é também arranhado, velho, ultrapassado, estragado. Um souvenir cheio de saudades e nostalgias. Talvez seja mesmo uma coisa à moda antiga, esquecida séculos atrás. Sou besta, romântico, bobo, mais dedicado do que posso e sempre muito menos do que quero. Por isso essa sensação de estar sempre pra trás, sempre insatisfeito. É quase obsessivo, meio ilusionado, meio concluído-corroído, buscando uma pequena parte que está faltando pro perfeito. A verdade é que é completamente surreal, não há uma palavra ou termo pra descrever.

        Mas há ainda tantos sentimentos bons; mesmo sendo artista, sendo poeta, você pode esculpir as circunstâncias e criar uma realidade melhor. Aquele desejo profundo sempre fica lá, gritando, no fundo do abismo do peito, aprisionado, triste, angustiado. Mas em toda organização é preciso haver um prisioneiro. Um réu. Eu aprisiono meu desejo, ou ele me devora, me corrói lentamente e me destrói. No final todos somos prisioneiros de algo, e temos algo a aprisionar por pura defesa. Não adianta gritar: eu não sei onde ficaram as chaves. Talvez em alum lugar obscuro, pouco antes de eu perder a memória.

R.