3 de out. de 2013


Bom, posso resumir o último ano num período de grandes lições aprendidas e muito bem catalogadas. A lua esteve negra, esteve cheia, esteve com as dores e delícias de cada uma de suas fases. O sol esteve quente, as nuvens assombraram, as estrelas encantaram as marés se moveram... mas o importante é que foi sempre possível recomeçar.

Se eu pudesse deixar uma dica - e já é velho aprendizado que não há nada mais importante na vida que compartilhar, especialmente as experiências! - seria a sempre ter em si um livro de lições aprendidas. Vivemos uma era onde é cada vez mais importante conhecer mais a si mesmo, e cada vez menos perdoável repetir erros. Isso vale para o pessoal, o profissional, o familiar e em qualquer relação. Que sempre haja então, como em toda primavera, um excelente motivo para se erguer e fazer melhor! Que venham muitas primaveras, a mim e a todos nós! E que em cada uma delas se possa fazer mais e melhor!

Otimismo, força, coragem, paz e luz!

R.



2 de out. de 2013

Mundo Grande - Drummond




"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem… sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo…
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos."
As palavras eu tomei para mim. Assim como a natureza me deu - de olhos, de mãe e de mão - a foto que fiz nesse dia feliz.