Um foto-diário de textos alarmantes; Sonhos partidos, sensações, sentimentos, esterco, pérola, bunda, diamante, cartas, cacos, vasos e qualquer alegoria fora de moda...
9 de jan. de 2012
Deriva
Você não sabe disso ainda, mas é você que eu quero. Pelo menos queria, até hoje a noite.
Por isso deixo aqui meu último tiro de aviso; o último sinalizador do meu barco que está afundando.
Decidi navegar em outros mares, já que o seu nunca está pra peixe. Não que eu seja um pescador, ou que esperasse um amanhecer dourado da rede cheia todos os dias. Mas são sempre essas nuvens, essa névoa que nunca dispersa. Esse mar nunca sereno ou ressacado, sempre batendo no mesmo ritmo contado das ondas, milimetricamente medidas e sincronizadas com o tédio da minha rede vazia. Até preferia a tempestade, ou outra coisa que arde. Espero apenas sair dessa inércia desgovernada onde acabamos sempre no nada do mesmo de ontem. Ou para um lugar onde os ventos me soprem as velas para um novo constante, enquanto você na sua mesmice amarga, enferruja ancorada no seu mastro enfeitado de panos rasgados.
Admito até, não esperar nada. Só não admito mais esperar você.
Com carinho, acredite. R.
ps. não vá me esperarem nenhum porto. Não é seguro.