Um foto-diário de textos alarmantes; Sonhos partidos, sensações, sentimentos, esterco, pérola, bunda, diamante, cartas, cacos, vasos e qualquer alegoria fora de moda...
18 de set. de 2012
Talvez.
Talvez a gente nunca saiba quantas noites olhou a lua desejando a mesma coisa.
Talvez a gente tenha contado estrelas antes do amanhecer esperando um sol que de fato nunca nasceu.
Talvez a gente não se lembre direito da cor dos olhos um do outro.
Talvez a gente nunca chegue num ponto de equilíbrio entre nós, um ponto de entendimento, de inocência de sentimento, de santidade. Eu não poderia pedir nada menos que isso, juro.
Talvez a gente pense um no outro antes de dormir, e antes de acordar...
Talvez a gente saiba, secretamente, que as coisas podem ser mais simples do que todos os incrementos de problemas que a gente cria na quase tangível ilusão de ser feliz, de se preencher.
Talvez a gente possa rir ou chorar um do outro.
Talvez há muito tempo tenhamos jogados nossas qualidades num canto, sem nem perceber.
Talvez já não haja mais tempo e ponto.
Talvez não seja possível discernir esse eu e esse tu tão estranhos nesse tempo verbal imbecil em que a gente se conjuga. Todo esse passado, todo esse talvez, essa dúvida na terceira pessoa do singular, esse manto de coisa que a gente coloca pra fingir que são fantasmas, mas não são. São carne, sangram e choram. São santos!
Talvez a gente não seja nada, em meio a nada. Dois "nada" tentando se tocar na névoa entre lençóis molhados, encharcados de idéias errôneas e repelentes.
Talvez nossa distância seja apenas infinita. Talvez.
Talvez eu precise cortar os cabelos também.
R.