11 de ago. de 2013

Texto notívago de domingo.

Fato que estou tendo que administrar, erros e acertos, um a um, lentamente, como se deve fazer com tantos problemas. E são dragões implacáveis de mim mesmo. Fato que às vezes não chego à conclusão nenhuma, sobre nada, minhas dúvidas, anseios, esperas, angústias, caem como água, escorrendo na impossibilidade de meu tempo e inundando o cômodo de minha presença. Incomoda. Dá uma umidade estranha, amarelada; coisas com as quais você não pode fazer nada a respeito, não imediatamente. E para alguém imediatista como eu, uma urgência é como uma sirene berrando colada na minha orelha esquerda, fazendo em pedaços todo o meu sossego. O sono some. As frases se montam como peças num quebra cabeças flutuando no teto... "...eles não me respeitam como líder!" "Há tanto conhecimento a se absorver em tão pouco tempo!" "Deus como pedi tempo livre, tempo hábil..." "Como fui imaturo e inconveniente comigo e com os outros! "Como perdi tempo confiando problemas e fraquezas a pessoas que praticaram tiro ao alvo em minha própria face!" "Essa maldita fatura de cartão de crédito" "Esse maldito aumento de salário..." "Essa maldita taxa de... ... ... ... ..." "Reunião do condomínio" "Celular sem área" "Chuveiro dando choque" "Esse dente ciso é a porta do inferno!"


Olha eu juro, eu tento ser leve. Tento ser leve, mas não dá. Tenho inveja de quem fecha os olhos e simplesmente dorme. Estar em paz, antes do sono, representa minha queda na turbina de todos os meus problemas. 

É duro se sentir impotente. Espero que, na minha vagabundagem antes de agora - tenho abraçado tantas responsabilidades com força ainda longe de exemplar! - tenha deixado um legado de amor e sentimentos, em algum lugar. De conversas sem rumo na beira do mar, problemas desabafados - uns em vão, outros não - e afinidades múltiplas; pois lidar com o ser humano é um terreno de fortes incertezas, e é preciso estar preparado. Para um besta inocente feito eu, de berço e crescimento, que entrou nos turbilhões das verdades, às vezes saindo quase morto de tanta injúria e injustiça, talvez os anos de ócio tenham sido um preparo para lidar com a natureza humana. Que de tão tempestuosa às vezes me deixa assim, pensando nisso numa meia-noite de domingo onde eu deveria estar mais tranquilo que nunca, preocupado só com o amanhã. Mas esse meu mal de sofrer por antecedência me eterniza estúpido. Essa dor no ciso, que não tirei por desleixo, anda aqui a me lembrar de tudo. E eu só queria dormir. Só isso.

R.