Se eu tive 3 paixões que me traduziram a vida toda desde a remota infância, essas paixões têm nome: aquarismo, astronomia e gemologia. A astronomia e a gemologia me conduziram às lendas antigas, mitos, à astrologia, aos critérios medievais tão pouco explorados sobre estratagemas e até medicina, aos misticismos em geral e à paixão por história.
Mas o aquarismo seguiu absoluto. Criar um pequeno ecossistema aquático, uma miniatura do mundo, criar e ver isso crescer fez talvez meu desejo de controle e superproteção florescer desde os primórdios de minha estadia nesta vida. Era quase brincar de Deus. Tendo aquários desde os 4 anos - presente de meu avô, que me lembro exatamente do dia em que ganhei, e até dos peixes que estavam lá - aos oito ou nove anos, quando começava a desbravar os quarteirões na saída da escola, sempre fugia para a loja de peixes. Um senhor, velho colecionador, proprietário da loja, e suas duas filhas, sempre me atenderam e me ensinavam coisas valiosas a respeito de criação de seres aquáticos. Minha presença era quase diária. Nem sempre comprava, mas me enchia de conhecimento, coisa que me preenche incomparavelmente até hoje.
Pela manhã, cruzei na sala de espera com duas senhoras, de rosto familiar; as duas filhas do senhor; estranho eu não me lembrar do nome de nenhum deles, mas me lembro de tudo que disseram. Já estão senhoras, aquelas duas jovens atenciosas que, junto com o pai, conduziam a loja de aquários e peixes e me preenchiam de conhecimento com tanto carinho e atenção. O tempo passa e evanesce as coisas menos importantes; os sorrisos, as palavras, os gestos e ações são mesmo eternos. Menos de 60 segundos, onde em minha pressa pude abraçar as duas irmãs e sentir a emoção de anos a fio; a tristeza quando, aos 16 anos, a loja tão presente em minha vida fechou.
A verdade única e inegável é que, no fundo, todos sabemos de tudo que é eterno. Verdadeiramente eterno.