Não sei em que hora fechei a porta. Deixei de abrir no dia seguinte. E outro, e outros. A janela passou a ser um refúgio. Olhei o mundo por muito tempo. Descobri, em mim, um outro eu nesse quarto fechado. Aos muitos que esmurraram minha porta peço desculpas. Peço desculpas até aos que passaram indiferentes por ela. Pedir desculpas pelo que não se faz é pior que errar irremediavelmente. Estou abrindo lentamente e, embora ainda cego pelas luzes daí, esse outro eu que nasceu aqui sussurrou em meu ouvido que eu devia ir. Eu vou, devagar. Quando perde-se no tempo essa pressa lamuriosa, os ponteiros até conseguem fazer música!...