19 de mar. de 2016

Dos meus últimos suspiros (Ou idos de março)


Preciso com urgência de alguém louco. Que vire minha vida de pernas pro ar. Que faça tremer essa calmaria, me tire desse morno, levante alguma poeira nessa estrada. Nesse passo lento, eu, atento, encontro alento. Preciso de um desfribtilador. Meu coração pulsa uma vez por minuto. Quantas noites mais chorarei abraçado a essas almofadas recheadas de tédio? Quantas vezes mais encontrarei no descanso frio e obrigatório do dia a dia o alívio necessário para continuar seguindo em frente? Nesse passo escorregadio, pisando em uma crosta de gelo, sem saber mais onde acaba esse lago infinito sob o o qual escorre a corrente implacável das estações? Preciso de um degelo: rápido, implacável, efeito estufa. Fazer essas moléculas, antes risonhas e saltitantes, abandonarem de vez essa letargia. Me desintoxicar de mim mesmo. Uma poção do amor que funcione de verdade. À medida que os anos passam, a desesperança reforça os pilares desse cenário. Sou apenas eu e a nevasca só cotidiano. O caminho já riscado na estrada entre os afazeres e os desprazeres da cama vazia. Sou uma bola de pingue-pongue, impulsionada pelo grito do despertador e o sinal da saída. Entre isso, e todos os issos e ossos do ofício, um mármore frio: personificação do imutável. Nenhuma surpresa. Nenhuma sobremesa. Nenhum abalo. Nesse eterno talvez, até alguém fazer errar a jogada. Pontuar meu placar. 0x0. Sem vitória, sem derrota. Na partida terna e eterna de todas as partidas...