Não, não quero morrer cheio de certezas, procurando porquês, acreditando em tudo que é constante e eterno só porque dizem há mil anos que será...
Essa subimissão perante os fatos, essa pressão que tudo que é perfeito é eterno, enquanto o perfeito é todo momentâneo. O dos momentos, eu sei, tenho razão e controle. O que me descontrola, às vezes por dias, meses ou anos a fio, é o sentimento. O sentimento sim, afeta anos de sua vida, anos de sofrimento, anos de paz, anos de casamento, anos de medo, anos de glórias absurdas e batalhas que caem no equecimento de quem vê. Mas quem sente meu caro, não esquece.
E nessa vida desenformada e desinformada que dizem pra você ser certa, exata, que nem um sapatinho de cristal – e olha que esses sapatinhos a gente só vê em contos de cinderela – daqueles que nunca cedem com o tempo, onde a princesinha se acostuma a sentir dor nos pés, e o babaca do príncipe, na maioria das vezes nem dá as caras; nessa vida expurgada da vontade de monges e inquisitores, nós vivemos... Nesse abandonado caldeirão de bruxas queimadas e idéias distorcidas. Verdade mesmo é que sapato velho não machuca o pé. E as esquinas estão todas cheias de fogueiras e inquisitores. Ainda se queimam mais do que qualquer um imagina. Todos que se voltam contra o sistema, não o político, nem o social, mas o sistema sentimental, comportamental e toda essa incoerência escatológica e fúnebre de amar e odiar, preto e branco, luz e sombra, dia e noite.
Mas não! Eu acredito nos altos e baixos, em relevos e sensações. No tato volátil e voluptuoso. Em superação, em mudança e acredito até naquela sombra mal povoada que dizem tão nefasta, mas que nos revigora, nos faz trocar de pele, de casca, de asa... nas mil crisálidas da vida! Acredito em tudo que posso sentir, pois isso é o alimento de minha vida, o que diferencia meus anos e décadas e até séculos, se minha marca puder sobreviver além de uma tumba. Eu
Rodrigo S. - 20 - 9 - 2009
A iminência de ficar mais velho acaba me fazendo pensar na vida...