Já estive presente. Hoje a dor é ausência. Encanto latente. De ressoar e sonar, a insônia indiferente. Sim, estive presente. E agora no vácuo, do abismo da ausência, onde morrem a rima e o fim.
Já estive presente. Mas morro aos poucos, sem seus olhos pra olhar.
Antes era presente. E presença é passado: atemporal no meu peito. Temporal de preceitos, a obrigação de sonhar...
Já estive presente, e hoje a cura é infiel. Nosso estar é doença. Nosso toque é o incesto. Maçã podre na cesta. Infeliz e amável!
Já estive presente. Contente, coração e mente. Mas mente a boca, e engana o corpo - no torpor, anticorpo: repelente em palavras. Ainda doce por dentro. Expulsando do sangue a infecção, epicentro da dor.
Já estive presente. E você pressente. Mesmo prepotente, as batidas do meu peito. Rimando seu nome, que meus lábios engolem, e resseca a garganta, com saudade de amor.
Agora sou ausente. E não importa o que você sente. O que eu sinto, já me arruinou.
Rodrigo S.