Conto das 0h- "Toque"
A dor andou me fazendo uns carinhos. Eu abracei. Acariciei a dor. Demora, depois tudo escorre: o lado de fora expõe a dor. Pele, pêlo e apelo. Aí vem a mágoa, a escória, o roxo que nunca sara. "Não toque em mim agora!" Por fim a cicatriz e a memória são os genitores do trauma... A carícia da dor é ingrata, falsa e inevitável. E pior, de tudo: mora em todos os abraços. Ah, Deus, podia ter me feito de pedra, enfeitando as calçadas e passarelas, de jeito que são os homens e mulheres que se admiram na arte alheia. Mas me deu um coração fraco. Agora? Eu que me cure, ou volte só pro pó das estrelas...