13 de set. de 2017

Encontro com Tetis...


Ato 26: "Encontro com Tetis"

- "Você já imaginou quanto amor se espalha por aí? Quantas histórias se tecem ou deixam de tecer nas certezas e vendavais da vida? Quanto sentimento se vencilha e desvencilha nos porões da natureza humana? Nesse momento, quantos humanos imploram amor de todas as formas, miseráveis e nobres, lacrimosas ou efusivas, levianas ou sólidas, vendidas ou vencidas... Quanto sentimento é necessário pra se fazer uma pessoa?... e como isso tudo nem mesmo poderia caber num mar inteiro...? Quantos homens e mulheres travestem virtudes para parecerem aceitáveis, e esquecem a própria essência, e isso é o culpado de toda desilusão deste orbe... Quanta esperança é necessária para que ao menos algumas delas sejam eternas? Onde mora a verdade? Poderia ser naquele coral... Poderia ser simples."

- "O mar, meu nobre Rodrigo, é pequeno quando interposto a tua mente... Isso chega a assustar. Quanto à verdade, ela mora no coração. E está sufocada."

-"...(Longa reflexão) - eu poderia rir. Mas prefiro ir."


R.
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26 de ago. de 2017

Agosto/2011 - O bardo sussurrou a história que se repetia para sempre no limbo de todas as coisas.


- Vamos; é hora de descer as escadas desse degradê de emoções e sensações. A subida tinha a minha mão. A descida não tem corrimão. A cada degrau uma emoção que deixamos para trás, a cada janela uma memoria perdida. "A fonte do esquecimento está à esquerda da porta do inferno". Bebeis, diariamente, goles homeopáticos. Já anoitece. Pouca coisa mudou. Do dia nublado herdamos a escuridão profunda e crescente do tempo e seu beijo lento, forçado e inevitável. Não há lua nem romances, nem luzes ou nuances. Há aquele medo quase digestivo de quem sente muito e fala pouco. Avançam as horas. Os ponteiros já não podem mais sincronizar as batidas do coração, agora cansado e faminto. Melhor tirar a mesa, melhor lavar essa louça suja e deitar, pra sonhar que ainda estamos acima das nuvens. Viver só seria mais justo se fossemos filmes, cada um de nós, películas giratórias de quadros infinitos e fatos congelados, retornáveis, pausáveis e repetitíveis. Cada rua um roteiro, cada memória um cenário - sem diretor! Porque aqueles como nós já estão exaustos da ordem. Mas o Sol pomposo ilumina a ordem da realidade e cega os sonhos e pesadelos, afasta os demônos e queima os vampiro. Encerramos as mágoas a cada pôr-do-sol, cada lençol, cada ambiguidade escondida nos milhares de recomeços que diariamente ignoramos. Ambígua é a vontade de quem deseja e não alcança, de quem corre e não descança, descalçado de esperança. Minha história, chata e enfadonha que faz torcer narizes, é contada nos vitrais e janelas desse templo, dessa escada, que continuamos descendo sem trocar olhares. Apenas esticando verdades em palavras. No final, lá embaixo está o barco. Num porto. Caronte, moeda e incerteza. Não há nada de seguro nesse porto: o destino é afinal outra paisagem da mesma história. Tece-se, assim, vossa memória. - R.

Agosto/2017

Eu estava com um impulso muito grande de escrever, mas não ia durar. Sabia que não. 
Tinha no bolso as mesmas drogas de sempre, pra acalmar os impulsos que avançavam os contornos.
Esqueci: eu não tinha mais contorno.
Aí parei de escrever.

14 de jul. de 2017

Brilho fosco da madrugada

Sob o brilho de Shaula - o veneno do escorpião



Fragmento de pensamento elucidado em palavras: próximo ao amanhecer. Ninguém mais me liga ou me pergunta se eu tô bem... Me chama para coisa alguma... Me pergunta sobre presente, passado ou futuro... Mesmo as pessoas com quem me relaciono, estão muito mais afim de minha presença do que em saber em si como eu estou. Eu dou pequenos sinais, o tempo todo; mas não quero me sentir chato... Isso, por si só, já não é um sinal? 
No trabalho eu não tenho vínculo com ninguém. Eu trabalho há décadas e não tenho nenhum amigo. Em família reinam as comparações. A mesquinhez. 

Então a questão é que quando você está sozinho assim, há dois caminhos: ou você assume a condição maldita e se isola definitivamente, ou se convence que você está no lugar errado. E quando você  se convence estar no lugar errado você tem um poder assustador de fazer o que quiser, porque sabe na prática que isso não vai afetar ninguém. Se eu quiser sumir agora isso não vai afetar ninguém, exceto gente que não preenche nem nos dedos de uma mão. Quando abandonei as redes sociais descobri isso: que as pessoas estavam mais interessadas no que eu fazia do que em quem eu era...

Eu não sou um recurso. Muito menos um recurso extremo para só ser necessário quando há necessidade. Parece que as pessoas só vêm a mim quando sentem falta de algo meu ou eu posso amenizar ou curar algo nelas. Eu me sinto usado o tempo todo. Como eu me sinto deixou de ser uma preocupação para as pessoas que eu considerava próximas. Era essa a certeza que eu precisava pra saber que não sou daqui. Estou faz muito tempo no lugar errado me prendendo às necessidades de pessoas que não se importam com as minhas.

30 de jun. de 2017

Anjo triste

Anjo triste, anjo triste. Vai embora. Vai logo. Não há trabalho nem ócio pra você aqui.
Eu sei que você vem carregar algumas certezas e deixar outras. Sei que cumpre seu papel. Mas você deve ir agora. Não preciso mais de você aqui.


Ouça minha súplica: ela segue os 8 ventos. Em todas as direções. Sua indiferença não vai me calar.
Vá embora agora. As certezas não vão me destruir nem me construir.
Vai. É preciso ir agora... Não deixe conclusões.

O anjo triste está no espelho.

27 de jun. de 2017

Não vá se perder...

Depois de viver certos tipos de sentimento, vivenciar menos é como involuir. Involuir é diminuir como pessoa. Encolher. Perder a si mesmo. Esse é o maior prejuízo que qualquer homem pode se dar: retroceder de si mesmo. Então, não conte comigo.

13 de jun. de 2017

Conclusão meio-meia-noite


Sim. Sou triste. Não pretendo esconder a faceta que me descreve. A eterna imagem de rapaz estranho e calado que todo mundo pintava. Tão alto. Tão estranho. Tão calado. Como uma torre na cidade escura...

Meu maior problema é sentir demais. E no mundo inteiro, quase não tenho espaço para o transbordar disso. Então olho pro espaço. Nas estrelas, talvez, alguns sentido no amor infinito. Mas as estrelas, silenciosas e milenares, me mostram apenas uma imagem de milhares de anos-luz. Meu presente se perde. Mora em mim a nostalgia maior das perguntas sem resposta. Oráculos, videntes, macumbeiros vendedores, cristãos e bruxas: ninguém responde. Ninguém encontra. Ninguém alcança.



De vez enquando me visita um anjo triste. E me cobre com a sombra de suas asas. Essa hora é a pior de todas; ou a melhor, já não sei dizer. Rende frutos e alívios. Dar sentido às tristezas é melhor que viver alheio a elas. Então vem o terror. A constatação. As vozes gritando na minha cabeça. Grito, choro, tremo, corro, durmo. Eventualmente, durmo mais que a lua, para não presenciar os sons aterrorizantes do dia. Mas o sol sempre volta. Esse é o sinal de que preciso.

5 de jun. de 2017

O amor, segundo Rodrigo Simões

Acho que ninguém nunca será 100% adequado a ninguém. Sério. Esse papo de alma gêmea, metade da laranja  é tudo uma grande balela pra ilustrar uma perfeição romântica que não existe. As pessoas estão cheias de imperfeições. Todas elas. Sejam físicas, temperamentais, de caráter (que é a mais séria se todas...), opiniões, gostos, e comportamentos divergentes.

Mas quando a gente sente alguma coisa mais profunda por alguém isso sublima alguns critérios que cultivamos por orgulho. Ou medo. Ou qualquer outra coisa que a gente se recuse a enfrentar perante a vida.
O amor - esse estranho, que no fundo é o que todos almejam nessa Terra - serve para nos trazer coragem. Não medo. 
Há quem viva apenas do desejo. E no desejo, trai o maior objetivo da vida. A necessidade de se sentir desejado transforma o ser humano em oco, com fardos cada vez mais pesados de trazer boas impressões no outro  - um caminho de correntes. A boa impressão deveria ocorrer naturalmente, em qualquer estância da vida. Caso contrário, você se torna um falso adorno da vida, sem valor ou nada de concreto, repleto de paixões e mesquinharias. 

O mundo está repleto de paixões e mesquinharias; em todos os cantos. O imediatismo faz as pessoas repetirem sucessivamente os mesmos erros, mentirem e ferirem os outros em nome do próprio ego. O amor salva. Machuca, dasatina, desregula. Mas salva. Vibro pelo amor, a mim, a você. A todos. Que o amor reduza a estupidez desse mundo. Que possa ser um fio de Luz e esperança em qualquer escuridão. Que seja a corda que te ergue do fundo. Que seja o ato que conduz toda nobreza necessária. A felicidade existe. E ela mora sempre em outro alguém. Quando encontrá-la, agarre-a. Viva. Seja intensidade num mundo enevoado de escolhas cinzentas...


8 de mai. de 2017

Desabafo global


Eu fico um pouco irritado com "como você consegue gastar tanto pra viajar?" Não consigo. Mas digo a vocês: caro é combo de vodka na balada. Caro é ipva. Caro é roupa de marca. Caro é trocar de carro sempre. É ingresso Vip. Marlboro vermelho. Caro é querer ter uma casa grande e super bem decorada. Caro é se afirmar através da aparência. É dinheiro em poupança. Caro é trabalhar pouco... Você paga o preço das suas escolhas. Eu adoro pagar os preços das minhas. Se você não gosta das suas, não me julgue. 😏

6 de mai. de 2017

A revelação do mestre

"Você tem o dom de ler as pessoas, e mais ainda precisa aprender a receber. E recebendo, sua palavra será sagrada e seguida. Você trilha um caminho de iluminação, não sua, mas dos outros; do mundo à sua volta. Tem o dom da cura, o que é muito óbvio. Mas precisa aprender a se curar. Você tem uma alma sensível e honesta, como um diamante. Protege tudo à sua volta mas não pode se proteger. Precisa alimentar seu chakra coronário, e assim receber. Provém de muitas existências femininas. Você tem uma alma feminina num corpo masculino, não se ofenda, daí vem sua necessidade de proteger. Te vejo como muitas mulheres, mas nenhuma delas uma mulher comum. Sempre expressiva, destacada, líder ou guerreira. Sua aura emana em amarelo e azul. Você atrai muitas pessoas para perto de você de uma maneira completamente diferente. Você tem uma emanação perigosa em vermelho. Precisa de mais cuidado com desperdício de sua energia vital."

Receber... (O Deus que brota de si)


Revelação: chackra coronário. Aceite. Receba. Há ainda pessoas que precisam de opiniões cegas pra se sentirem melhores. Que precisam de flertes vazios pra construírem suas opiniões sobre si mesmas através do superficial. Que para serem qualquer coisa vão eternamente necessitar do aval de estranhos. Só se sentirão bonitas com elogios vazios. Criam conceitos errados da própria imagem. Isso esmaga os sentimentos. Cria a frieza. O orgulho besta e o falso senso de superioridade. É a chaga do mundo moderno: precisar se sentir desejado para se afirmar como indivíduo. Entenda, e não me entenda mal -  essa afirmação precisa ser individual. Precisa ser emitida, não recebida. Perder-se nas opiniões e conselhos-padrão só conduz à má condução das prioridades. É cada vc mais comum: desonra; destrato. Destruição de coisas verdadeiramente nobres. O Deus da nova era é o Deus que brota de si. A lotus de Buda. A energia que verdadeiramente guia o universo com propósito. Seja, em si. Não importa como. Não importa a barreira. Desde o dia de seu nascimento, você não precisa de mais ninguém para ser. Então seja. Caminhe através do véu. Entenda que a luz da qual você protege os olhos é a mesma que vai iluminar seu ser. Não existe nada demais nisso. Não se perca na ferida desse mundo, Rodrigo!

#philosophy #filosofia #despertar #novaera #eradeaquario #desenvolver #development 

O cuidado maior


(Nota mental - fragmento vital) 
Inaceitável!
Não é porque decido ir a fundo num assunto ou filosofia que meu torno uma pessoa "complexa". Coisas simples me deixam feliz: ver meus animais se alimentando, poder ajudar um amigo, conversar por horas e matar saudades, trocar energia saudavelmente, poder lidar (LIVREMENTE!) com qualquer verdade, sem que isso vire um peso. Não precisar fingir. Ser livre de censura. O sol poente. O sol nascente. Uma trilha. Montanhas. O mar ( não só de olhar, mas de estar nele, raso e fundo!). Observar o céu. Encontrar fundamentos para os mitos. Passar a tarde num museu. Desbravar os horizontes. Não sou um ser humano complexo: a incapacidade de algumas pessoas em ser feliz com o simples é que tenta me poluir, me acusando de complexidade; enquanto a verdade é que sou simples como as coisas devem ser. Fico feliz, também, de ter encontrado essa certeza. A VERDADE É QUE É PRECISO TER EXTREMO CUIDADO COM AQUELES QUE SE ALIMENTAM DE BAIXA AUTO-ESTIMA. Esse meu saber me basta.

2 de mar. de 2017

Sobre a superficialidade


Pelo simples fato de ter investido tempo e esforço em usar meu cérebro para o bem, me sinto mal  quando as pessoas fazem julgamentos imediatos sobre coisas que não conhecem. Não tenho intenção de influenciar ninguém, sob nenhuma hipótese. Mas realmente algumas pessoas precisam pensar muito no que dizem e no que fazem. Como disse Einstein, “Grandes espíritos sempre encontraram violenta oposição de mentes medíocres. A mente medíocre é incapaz de compreender o homem que se recusa a se curvar cegamente aos preconceitos convencionais e escolhe expressar suas opiniões com coragem e honestidade.“

25 de fev. de 2017

Uma nova epifania



Há coisas a serem respondidas. Parece que sempre haverá. Algumas conclusões são inevitáveis.




- Sou um espírito livre.
A liberdade pode ser, seguramente, meu único bem. Ou o único que de fato venha a me trazer uma felicidade inabalável. 


- Sou um espírito antigo.
E como tal, sinto-me em cativeiro quando me alcançam as correntes da mentira e maldade humana. 



- Numa bela manhã de verão, caminhei em direção à mim. Apertei minha mão e fiz as pazes comigo mesmo. Nesse inusitado reencontro, todo peso ficou para trás. Toda inconstância ficou de lado, de um lado, para reequilibrar a balança. As escalas se igualaram, e pude finalmente, por mim, me reconhecer feliz. 



- Nenhum motivo é claro. Mas no fim, tudo tem um porquê. Então jamais se pergunte "Por quê". Pergunte-se "PARA QUÊ"!


26 de jan. de 2017

Causa Mortis: indiferença


Epílogo - Causa Mortis: indiferença 

...a resposta era que fazia isso para morrer mais rápido. Já não via saídas. Já não via um papel a desempenhar nessa vida. Já não havia mais escolhas exceto as muito ruins. Então decidiu que o fim se iniciaria. O efeito borboleta de todo amor desprendido de seu espírito havia deixado um buraco irreversível. Curar um espírito é algo difícil. Quase impossível. Quase milagroso. E como também já não era possível acreditar em milagres, e nem sabia exaltar o banal e transformar o simples no trivial fino que alimentaria sua vida, como era comum a todos os mortais, abdicou da eternidade. Começou ali, naquele dia, naquela varanda, a morrer. Uma morte lenta, cruel, mas sempre intencional. Sempre planejada, milimetricamente. Virou à estibordo em direção ao abismo. Como só ele sabia fazer. Ninguém mais poderia salvá-lo. Ninguém mais poderia enxergar o vácuo em seu coração. Ninguém nem sequer era capaz de ver suas lágrimas. Tornou-se então uma bomba relógio. Um naufrágio inevitável. Sabia mais que tudo, que não morreria de amor. Morreria da falta dele. E, a cada segundo, cada palavra, o fim se aproximava. A agonia crescia em seu peito, quase cobrindo o buraco da doença que lhe consumia o espírito. A carne, embora fresca e desejável, já não mais refletia o que carregava o espírito. O sorriso era forjado na obrigatoriedade. Até o verbo ficou artificial. O silêncio se tornou seu melhor amigo. Apenas a escuridão e os ecos demoravam o caminho. Nada mais poderia ser feito. Uma órgão vital havia lhe parado no corpo: a esperança.

13 de jan. de 2017

Se puder sem medo...


​Se puder sem medo​

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás a porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente mas eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava
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12 de jan. de 2017

"CL"

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária."


11 de jan. de 2017

She comes...

No final, ela sempre vem.
Ela sempre aparece.
Ela sempre vem.
E minha tormenta começa...



De minha prisão, eu podia ver. Eu podia vê-la me espreitando. Refletindo.



Quando a lua se enche de brilho é que as vozes ficam mais altas...

Oração em vão (capítulo final)


Passa, tempestade, que eu não quero mais chorar. Passa, passa rápido, ligeira, pra eu não ter que ir pra lá... 
Passa, chove logo: limpa minha calma dessas lágrimas que ardem, e me mancham lá na alma. Cicatriz, a ferro e fogo, passa a dor e passa o sopro, desse vento vão e cão, que me levou de mim. 
Passa, troveja a trova; solidão não faz barulho. O trovão já não me assusta. E da noite só as nuvens, evaporam robustas e injustas, levando nosso amor.

Indiferença.

Passa num relâmpago, me tira dessa dor. Passa fundo e varre a poeira desse temor. Meu medo vai me devorar...
Passa, passa rápido, quer eu quero ver minha constelação, indagar a criação, dessa vida e sua oração.
Passa, anda, corre! Sai de dentro dos meus olhos! Tira da minha cara esse orvalho, de amargura e de cansaço. 
Devolve minha força!
Devolve minha vontade!
Antes que eu me distorça. Antes que eu me acabe...

Indiferença.

Restaura o meu corpo. Cura meu coração. Deixa o sol entrar de novo pela janela, consagrado, puro e limpo.
Mas a nuvem não sumiu. E nela eu sumi. De nós, ficou a piada maior: só você é de verdade. E eu evanesci.

Indiferença.

Vez em quando vou chover, no seu teto estrelado. Lá de longe, lá do céu, lembrará do ser amado.

Desse mundo eu sumi. E a nuvem ficou. Sou agora um sei lá o quê, sem corpo e sem coração. Talvez a poeira que tanto me intrigou no céu.
Te prometo minha ausência. Te prometo eterno silêncio. Te prometo minha clemência. Só não te prometo amor: foi ele quem me levou.

Indiferença.

R.

4 de jan. de 2017

#1941


"Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou começando a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor.

Deste-me a maior felicidade possível. Fostes em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler.

O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Fostes inteiramente paciente comigo e foi incrivelmente bom.

Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida.

Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos."