3 de out. de 2015

Capítulo 33




 Outra primavera. O que dizer...? É um período difícil para celebrar; e como tal, temos ainda mais um motivo para fazê-lo. O cenário é ruim, mas é preciso focar-se no que tem dado certo. Agradecer por todas as bênçãos, metas, sonhos e conquistas -- as grandes, ou mesmo as pequenininhas; pelos caminhos percorridos, e preparar-se para os muitos que ainda serão. Fazer algo todos os dias para tornar-se alguém melhor. Melhor, no sentido da crença, do valor e da integridade. Dos meus tantos anos, cada vitória e cada derrota hoje fazem todo sentido; dessa significância, agrega-se em mim um eu cada vez mais ciente - e consciente - de si mesmo. Conhecer-se, testar seus limites, enfrentar os tantos "monstros" que parasitam entre plantios e colheitas; a modernidade e cotidiano, a dinâmica que estremesse nossos hábitos e nubla nossa paz; essa composição estranha e melódica que soa e ressoa de nossas escolhas. Eu celebro hoje a vida, "apesar de". O desafio, a queda e o renascimento. Todo recomeço. O lodo e o ouro na ordem da desordem das ordens. Sutil, intenso e múltiplo, como deve ser todo o viver. Cheers!

14 de jul. de 2015

Sobre o bem e o mal.

 Um conto desbotado de terça - True story: Ainda há pouco, comprei umas coisas numa papelaria. Devido à pressa, e às tantas outras coisas que carregava, esqueci um caderno sob um dos braços e saí sem pagar. Uns 30 metros depois, ao me dar conta do que acabara se acontecer, voltei correndo para pagar pelo caderno. Enquanto pagava, fui agraciado com um coral de "parabéns pela honestidade!". Saí de lá pensativo: será que o certo, o bem a se fazer, deve ser mesmo visto como um mérito? O certo para mim, é simplesmente o certo; vivo numa geração onde o legal é estar por cima, se dar bem em cima da miséria alheia. Nessa concepção, o otário é quem diminui no sinal amarelo, quem dá a vez num cruzamento, esboça gestos gentis sem esperar nada em troca, quem tenta fazer o certo sem esperar uma recompensa maior por isso, seja no céu ou na Terra. Não existe mérito em ser correto. Ser correto é simplesmente o certo, nas mínimas ou máximas coisas. Não se deve esperar elogios ou recompensas. Mas cá entre nós: nesses mais de 500 anos de distorções, eu prefiro ser o otário. Mil vezes, em mil vidas.

22 de jun. de 2015

Sem fôlego (ou "a canção do impar")


Eu ainda sou capaz de apostar, que no final, ninguém vai me ajudar. Tudo que queria era só um lar, pra pousar meu ouro, e recuperar o ar. No final eu sei, no final, ninguém vai me ajudar. Desatinei, quando desejei o mar. A tempestade tremeu meu navio. Quase no fim do  afundar, ninguém vai me ajudar. Se o céu, pra voar,  minha bandeira era uma estrela, o silêncio minha casa. De lá via o fim, o horizonte acenar. No final, somente meu reflexo, porque ninguém vai me ajudar. Almíscar, dólar, tear e bar: e ninguém para ajudar. Sou de mim meu avatar: ninguém vai me ajudar.




19 de jun. de 2015

Entenda:


"...o que eu estou dizendo é que  se você olhar para trás, e não concluir que seus maiores problemas com as pessoas são hoje grandes bobagens, é porque você não está crescendo."

5 de mai. de 2015

Sobre ir em frente, informalmente.



(...) mas olha, meus sonhos são simples. Vendi muitos talentos que tenho atestados socialmente... Fotografia, pintura, desenho, design, escrita... Essa é uma frustração que pretendo consertar num futuro próximo... a necessidade e a pressa nos leva a pegar atalhos. Mas sei que ainda não me perdi. A verdade é que a maioria de nossos entraves nós mesmos quem criamos. Amo o que faço, sou feliz no trabalho mas tem aquela pecinha faltando sabe? E a peça é essa. Vou escrever um livro (já escrevi dois mas não tive coragem de publicar... Isso e meus quadros e alguns relacionamentos são as maiores vítimas de auto-destruição e sabotagem. Sabotagem contra mim mesmo... Um dia vou ser espirituoso pra mudar isso. (Hoje, ainda sou Cronos comendo os próprios filhos por medo de ser destronado...). Quero uma casa na praia e uma morada no olho do caos; quero ser planejado pra fazer uma grande viagem por ano, cuidar mais do corpo, da carcaça, voltar a nutrir o espírito com a espiritualidade (foram 22 anos de doutrina e quase não tenho usado...); quero ser forte e valente e estudar até o fim dos meus dias, quero me concentrar mais, ser menos disperso, menos melancólico, menos saudoso; quero uma relação tranquila que não seja baseada no que todo mundo considera importante como um padrão (sim, relação daquelas que mesmo no engano você sente e sabe que existe um para sempre. Não existe tiro certo no coração e se existir, você perde a alma -- uma metáfora muito profunda e interessante; sonho, devaneio, acordo e durmo, como todos os personagens principais, com o amor; e que, por todo firmamento, ninguém consiga me arrancar essa capacidade!). Nesse semestre estou trabalhando estar mais próximo de meus amigos, me relacionar mais, trocar energia e vocês são parte disso. Então fica meu obrigado aqui porque vocês são parte de minhas metas de ser melhor. É isso. Quase um divã público e rasgado na calçada, onde deita um cara cheio de erros, que reclama da vida em todos os seus poréns, mas anda tentando desesperadamente ser feliz nesse emaranhado de matéria farpada que conhecemos como vida!

R. (em torno do feriado de 1º de Maio de 2015, numa conversa repleta de tudo...)

17 de abr. de 2015

Tudo sobre ser distante...

Tudo sobre ser distante...
Não sei em que hora fechei a porta. Deixei de abrir no dia seguinte. E outro, e outros. A janela passou a ser um refúgio. Olhei o mundo por muito tempo. Descobri, em mim, um outro eu nesse quarto fechado. Aos muitos que esmurraram minha porta peço desculpas. Peço desculpas até aos que passaram indiferentes por ela. Pedir desculpas pelo que não se faz é pior que errar irremediavelmente. Estou abrindo lentamente e, embora ainda cego pelas luzes daí, esse outro eu que nasceu aqui sussurrou em meu ouvido que eu devia ir. Eu vou, devagar. Quando perde-se no tempo essa pressa lamuriosa, os ponteiros até conseguem fazer música!...

4 de abr. de 2015

Estranhos




-"...pois veja meu amigo, sempre existirão aqueles momentos em que sua paz será perturbada... Demolida. Estilhaçada. Não há refúgio. Estava só, em minha fortaleza inabalável. Veio o tal do amor bater à porta. ignorado, esmurrou, arrombou e entrou. Negligenciando todas as leis de propriedade privada, lá vem ele outra vez. Prisão preventiva, cárcere privado. Procuro, claro, um habeas corpus. Mas já fui julgado e condenado sem que pudesse me defender. Minha sentença é amar, mais e mais, incansavelmente, até que cesse o meu respirar." -"Mas que merda heim, cidadão?"






11 de fev. de 2015

BANDEIRA MURCHA




Vamos falar sobre Impeachment? 
Já que estão todos erguendo essa bandeira... acho lindo, como qualquer comoção nacional, popular, movimento contra o mau emprego do dinheiro público e os tantos escândalos calados que escondem esses 500 anos. Como existe o fluxo e a maioria, falarei por mim, mas espero causar ao menos um lapso de reflexão e realidade. É fato que somos um povo politicamente ignorante, guiado por siglas e referências midiáticas tendenciosas. O "boom" da internet trouxe esse quadro à tona com mais força que nunca. A confiabilidade das fontes é duvidosa, notícias coerentes voam de mãos dadas com uma poluição digital épica.
Abrindo o jogo: minha candidata foi a Luciana Genro; Por quê? Bom, porque apostei - e ainda aposto - em algo inovador, diferente, uma política que possa ser aplicada e influenciada por conceitos novos, que não sejam tradicionalistas, católicos, evangélicos, bitolados ou provenientes de currais e cartéis onde poucos se beneficiam. Alguém que pudesse dar voz aos meus sempre tão transparentes e ativos deputados e senadores (sendo do Rio, não posso dizer o mesmo de governadores...). Errado ou não, apostei no novo, e não me envergonho disso.
O povo tem medo da mudança mas quer mudar, o que é uma contradição em termos. O pensamento profundo é "vou apostar no que já conheço". A escolha é sempre entre o meio-bom e o meio-ruim. Em termos de política, aderir ao PSDB e afins é regredir a uma realidade de concentração de renda, onde o país era loteado, o patrimônio nacional era literalmente vendido, atendendo a interesses restritos O horror da era FHC. O PT foi, por um tempo, herói. Trouxe um cenário novo à nossa economia (Não colega, sua vida não melhorou só porque você trabalha duro ou porque o destino foi bondoso com você... o mercado se abriu para as empresas e indústrias estrangeiras, tornou-se atraente, expandiu os horizontes. Quem negar isso não sabe onde vive...) Mas manteve os enraizados esquemas maldosos - que, estranhamente, só emergem em anos eleitorais. Todo movimento aqui tem um interesse. Por mim eu digo: não me convidem para manifestos. Não me convidem à gritar por impeachment. O próprio então presidente Collor só "sofreu" esse mal porque mexeu no patrimônio individual de cada um. Os últimos deles foram calados pela copa, e estes serão pelo carnaval - porque o circo sempre foi o ópio do povo. Especialmente aqui. Especialmente quando partidários se enfrentam como se fossem torcidas organizadas de futebol; ou ainda aquela mobilização toda em escolas de samba. O silêncio vence através dos "coliseus" da vida...
Meus caros, enquanto a consciência não for HUMANA, PATRIOTA e UNIVERSAL, enquanto formos regrados pelos mesmos líderes duvidosos que insistimos em reeleger, pela repetição incessante de siglas partidárias (...não?! ...veja os últimos 24 anos e faça uma análise...!), tudo será uma grande repetição.
Perdoe se atingi o ego ou as crenças pessoais de alguém, mas espero, ao menos, que sirva de reflexão e que haja um #impeachment na zona de conforto!



(Por Rodrigo Simões, do texto original "Bandeira Murcha" postado em 11/02/2015)