30 de nov. de 2011

"Chatice pelada"

Não tenho uma paixão definida em minha vida: me apaixono por tudo que me envolve.
Tudo que me seduz e me atrai como mariposa e lâmpada, rio e gôndola, ouro e olho.
O gosto cítrico de me lançar na intensidade de qualquer coisa, sem temer a queda ou o pêndulo.
Tenho paixão pelos dias, pelo passar das horas, até pelas dores, sim. Tenho paixão por cicatrizes, mágoas, e todas aquelas coisas que os enrugados dizem que nos fazem mais fortes.
Me apaixono por qualquer coisa que me deixe mais eu, que me deixe mais agudo; por todas essas côncavas coisas que cavam vontades e desejos numa só cava de sentimentos - lasciva e desonesta, arrastando tudo que antes era só inércia.
Sou desequilibradamente apaixonado pelas criaturas, não as foscas indiferentes, mas as que brilham em torno de mim, como estrelas da grande noite - de um só amanhecer.
É mais ou menos isso que eu guardo por dentro. Assim que meu coração bate, nesse ritmo.

R. - em 6.2.2009