Um foto-diário de textos alarmantes; Sonhos partidos, sensações, sentimentos, esterco, pérola, bunda, diamante, cartas, cacos, vasos e qualquer alegoria fora de moda...
30 de nov. de 2011
"Publicação Clássica"
23/09/09
Vai: desce as escadas desse degrau degradê de emoções e sensações. A subida tinha a minha mão. A descida não tem corrimão. A cada degrau uma emoção que deixamos para trás, a cada janela uma memória perdida. Atirada no tiro desvairado nosso de cada dia.
"A fonte do esquecimento está a esquerda da porta do inferno"
Ja anoitece. Pouca coisa mudou. Do dia nublado herdamos a escuridão profunda e crescente do tempo e seu beijo lento, forçado e erótico na madrugada. Não há lua nem romances, nem luzes nem nuances. Há aquele medo quase digestivo de quem sente muito e fala pouco.
Avançam as horas.
Os ponteiros já não podem mais sincronizar as batidas do coração, cansado e faminto. Melhor tirar a mesa, melhor lavar essa louça suja e deitar, pra sonhar que ainda estamos acima das nuvens.
Acordo: pesadelos. Viver só seria mais justo se fossemos filmes, cada um de nós, películas giratórias de quadros infinitos e fatos congelados. Cada rua um roteiro, cada cena um cenário - sem diretor! Chega de gente dando ordem.
Mas o Sol pomposo ilumina a ordem da realidade e cega os sonhos e pesadelos, afasta os demônos e queima os vampiros. Eu nem gosto de sol; nem de vampiros, nem de demônios.
Por isso moro no crepúsculo, lenço e lençol do sol. Ambígua é a vontade de quem deseja e não alcança, de quem corre e não descança, descalçado de esperança.
Minha história, essa chata e enfadonha que faz você torcer o nariz, é contada nos vitrais dessa escada, que continuamos descendo sem olhar um para o outro. Apenas esticando verdades em palavras.
No final, lá embaixo está o barco. Num porto. E não há nada de seguro nesse porto. Nada.