17 de dez. de 2010

Contra-capa: "Tudo que ninguém soube"

"Para começar a contar essa história, terei de voltar no tempo, muito tempo. Ainda é tão incogitável a nós homens voltar no tempo que a impossibilidade da lógica parece ferir toda realidade. É nesse momento que a vidraça se quebra. É nesse momento que o vento bate no rosto e voce começa sumariamente a entender o que voce é. O passado, tem todo peso que merece - e tenho muita pena de quem venha a discordar. Para falar de dores é preciso viver o passado, presente debaixo da pele; e não há nada que se goste mais de fazer que falar de dores. As dores alimentaram grandes descobertas da humanidade. Fizerm os cientistas com  grandes descobertas. Fizeram os filósofos com grandes observações. Fizeram os romancistas com grandes emoções. Fizeram os viajantes com grandes descobertas. Desde a dor que se interpunha entre o navegante e sua amada, a princesa e o plebeu, as famílias que se odiavam, as paredes e muros que desenharam o mapa do desespero onde se encontram enterrados - no fundo de poços - os maiores dos tesouros; a resposta real e intransponível para "quem é você?".
Num momento, me senti estranho. Me senti cavando velhos fósseis de coisas mortas, mas coisas mortas não matam voce ainda que sejam fantasmas. A vida não pode ser um filme de terror.
Então percebi que tudo que passa fica mais vivo que nunca dentro da sua alma. O passado é uma ilusão para ignorarmos o que passou, por ter acabado, por não ter-nos feito o bem que julgamos necessário. Mas na realidade são passos que definem tudo que virá à frente. Portanto se há uma mensagem a ser compartilhada aqui, que seja essa. "Valorize o que você sente sem rótulos sociais!" Nos desapegamos das coisas que amamos por darmos em conjunto um fim a elas. Essa é a grande piada do mundo moderno: desistimos de coisas importantes por coisas que subitamente passamos a julgar mais importantes. Uns, por definição, caracterizam isso como inteligência, como renovação... Mas num mundo onde tudo é descartável, onde todas as coisas se tornam obsoletas, perdemos a própria capacidade de nos sustentarmos para definir o que não nos é mais útil como lixo. Os alertas ecológicos estão aí para nos sensibilizar disso; mas e se tirássemos nossa visão dos objetos inanimados? E se, por um instante apenas, pudéssemos reciclar sentimentos, formas de amar, de pensar, de agir, reaproveitar pessoas? Valorizar as coisas que em um momento, nos foram tão importantes ao invés de apenas usá-las e nos livrarmos delas?
Meu avô guardava tudo. Lembro que todos reclamavam. Ele consertava coisas, renovava e vivia feliz assim. Talvez, esse traço não seja ruim como todos categorizam. Não posso considerar natural certas pessoas entrarem e sairem de nossas vidas, a cortina se fecha, o aplauso se faz, mas eu não sou ator; e minha vida muito menos pode se tornar uma peça - apesar da conotação escrota de "novela".
Então, mesmo inserido numa história egoísta agora, cheia de "eus" e "mins", espero de todo coração que você possa encontrar algo de bom daqui. Que voce possa dscobrir que há muito mais coisas envolvidas nas escolhas, nos medos, nos receios, nas confusões criadas por nós mesmos. Que sentir medo não tem nada a ver com ter coragem - são duas coisas absolutamente diferentes e independentes. Que todo defeito tem conserto, quando se fizer o esforço de consertá-lo. Assim quem sabe, haja menos poluição quando olharmos pela janela? E poluição meus caros, infelizmente, virou moda! Mas não será a minha..."
Rodrigo S.

15 de dez. de 2010

(Angústia, assim mesmo, entre parênteses. Pra não incomodar.)

Hoje tinha um imã na minha mesa... faz tempo que não brincava com um. Me lembro de dias em criança que me encatava muito com imãs. Capazes de atrair coisas frias e mortas que são os metais, com uma força invisível. Passava horas manipulando todo o metal que encontrava com quele objeto estranho, que me dava o poder de mover moedas, parafusos, e tudo que era de ferro. Ficava encantado, mas o encanto durava pouco. Logo me entediava de atrair metais frios e gelados, mesmo tendo aquela força quase mágica nas mãos. Bobo, mas mágico. E mesmo usando essa mágica atração, só conseguia atrair metais... era mágico, bonito, singelo, Porém gélido, sem vida, sem toque, áspero...

Uma análise: nossos imãs são tão diferentes assim?

Ah, as escolhas! Nos matam e nos ensinam a viver...