31 de mar. de 2014

#EuNãoMereçoSerEstuprada


PS.: Se você é um desses bitolados machistas, nem leia. Não quero receber gracinhas por e-mail, nem comentários esdrúxulos. Vá ser "homem" na cadeia!


Sou de uma geração que viu muros sendo erguidos em torno das casas; na remota infância, lembro das janelas abertas, dos muros baixinhos e das conversas nas calçadas; E como qualquer garoto do interior, tinha sempre um terreno perto de casa pra soltar pipa ou jogar bola. A violência - que anda tirando lentamente a liberdade das pessoas - sempre existiu. O problema é a banalização. Hoje pela manhã um cidadão, em uma dessas conversas no canto do café, me disse que "a violência sempre existiu; é que agora a mídia está mais globalizada...". Não nego seu ponto de vista, e nem discordo, exceto de seu unilateralismo. A notícia hoje viaja com a velocidade instantânea dos satélites ou cabos de fibra ótica, mas o desequilíbrio humano aumentou. O estresse coletivo, talvez iniciado depois da revolução industrial, transformou a mente das pessoas; somos dependentes de hábitos e regras que quando rompidos por qualquer intruso, vira, em extremos, ódio ou tristeza desmedida. São muitas as formas de sabotagem: a auto-sabotagem, a sabotagem aos amados, aos odiados, aos desconhecidos, aos fatos... de todos os lados. Todos nos sentimos prisioneiros, de uma forma ou de outra.

Talvez agora, depois de tantos direitos de equidade, social e sexual, conquistados ao longo do século passado, a mulher devesse ter seu papel estampado na história. Os números no Brasil são alarmantes: um estupro a cada 12 segundos. Outros números, mais dolorosos, provém do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas: 65,1% das pessoas – incluindo homens e mulheres - concordam que a vítima é a maior culpada. Já 58,5% concordam com a afirmação “Se mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. Não bastasse as muralhas políticas, sociais e administrativas que cercam (e cegam) nosso povo, ainda temos gente - homens e mulheres, os mesmos que pintaram a cara em 1992, ou ainda alguns que foram reprimidos e calados pelos amargos anos de chumbo, jovens que protestaram e ainda terão muito que protestar numa geração repleta de impunidade, com o descarado argumento fedido de que "...maior parte dessas mulheres pedem para serem estupradas, considerando seu comportamento ou suas vestimentas."

Como se uma burca impedisse um estupro. Como se um shortinho justificasse um abuso. Pior: justificam em religião, em um suposto deus tirano, com um livro que dita insanidades sociais e bitolação política misturada a pseudo-partidários da família e homens implacáveis dos "bons costumes", puritanos, pais de família, beatas, fanáticos... todos que castram nosso direito e fazem um movimento retrógrado nos direitos do outro. Destroem o pensamento livre em nome da opressão. Temos muitos estupradores em nossa sociedade; temos gente que estupra nossa vontade, estupra nosso crescimento, nosso direito de pensamento, estupra todas as igualdades. Estupra a liberdade.

Se você reage, é "feminazi". Transgressora, puta, bruxa, frígida. Safada, sapata, revoltada, mal comida.

Me trás de volta àquela velha infância, onde os muros iam se erguendo. Os muros, antes, eram só de concreto.


(Por Rodrigo S., em 31/3/2014, em TOTAL apoio à campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada)

20 de mar. de 2014

Conjunção Lua x Saturno

"Mas você não se cansa?" Sim. Todos os dias antes de dormir, penso que estou no meu limite. Tenho saudades de meus amigos, minha família, minhas noites socializando... hobbies que deixei de lado, livros que nã terminei... de estar presente em momentos importantes, conversar mais, trocar, compartilhar. Mas isso também me cansaria. Mesmo se eu dormisse o dia inteiro, ou passasse meu dia numa praiaou academia, ou inventando desculpas para procrastinar, continuaria cansado. A questão meu caro é que viver cansa! Se fosse tudo alegria ou tudo decepção, tudo cansaria. Viver pra mim é estar em pleno desafio, em tempo integral. A questão do que fazer com seu tempo é interna e pessoal demais pra se procurar uma concordância exata; seja lá o que for, sempre haverá sacrifícios. E nessa tela, a vida se pinta. O que mata são as olheiras que nunca tive! rs...



Registrando: Lua "eclipsando" Saturno.
20/3/2014 - 22:38
Boa noite!