26 de dez. de 2013

Campanha em nome de meu primo, e de todos que lutam pra recuperar a vida!



Pessoal, esse é o meu primo Thiago; Assim como ele, muitos estão em batalha e esperam uma chance para retomarem suas vidas. Peço a todos que puderem, que ajudem. Especialmente vocês amigos que estão por Niterói, e arredores. Podemos fazer muito por alguém com muito pouco.

Doe sangue. Doe vida!

Obrigado pelo carinho, mensagens positivas, orações, e toda fé que vocês tem depositado na recuperação do Thiago. Agradeço, em nome de toda minha família. Muita luz, cura, caridade e amor em 2014!

24 de dez. de 2013

"Solstício de natal"


OBS: O texto abaixo, bem como suas argumentações são "ironias sérias" e fatos históricos que podem ser conferidos em estudos, enciclopédias, artigos, publicações e documentários. Levar para o lado pessoal, especialmente se seu lado pessoal também for o de um cristão, bitolado, fanático religioso, é indiferente. De verdade. Minha intenção não é causar, nem disparar indiretas. Se você se identificar com alguma crítica, apenas reflita, não rebata. Feliz "natal".



Não quero ser chato. Não quero ser pessimista. Aliás, pelo contrário. Estou esse ano num clima de festas onde estou indo muito além do óbvio. Faço, aprovo, cresço e farei muito mais. Entenda...

Primeiro ponto: Se celebramos o Salvador, Cristo, as maiores lições de Cristo não foram a humildade e caridade? Então, pra que essa ostentação, gastos, excessos e consumismo vazio...? Não entendo por que essa febre consumista num período que, em tese, deveria representar paz e resignação; - "Ah, mas a celebração envolve ritos de prosperidade e fartura mimimimi..." - disse o porrista-capitalista alienado que vai à missa todo domingo. Pergunta: e o próximo?

Entrei em algumas campanhas de natal nesse ano, especialmente com crianças, e também tive a sorte de ter contato com muita gente que fez o mesmo. Se vocês soubessem a quantidade de gente necessitada de coisas BÁSICAS, enquanto você choraminga o preço do PS4 e do novo iPad... crianças, idosos, gente carente de tudo - e não me venha com esse "papo-aranha" de que estão na "zona de conforto", pois quem está confortável é você cidadão, que dorme na cama quentinha e tem planos pro futuro. "Não tenho nada com isso!" replicou o bom cristão. Ok. Então não me venha com oração nem esse discurso furado de salvação em Cristo. Não cola amigo(a). Fazer diferença dentro de casa não conta. Seja você santo de casa, do pau oco, ou mais um desses que fazem vista grossa pro mundo. E não é preciso ir longe.

PS: Se fosse pra abraçar filosoficamente uma religião, eu viraria judeu; as celebrações possuem significados muito mais profundos e honestos. Mas isso é outro papo.
Segundo ponto: José e Maria JAMAIS em nenhuma época (a não ser na era glacial...) poderiam atravessar o trecho desértico num burro (ou mula, como queira!) durante o solstício. O trajeto só pode ser feito dessa forma no equinócio (primavera ou verão) dentre várias evidências históricas, incluindo um certo alinhamento de planetas e um cometa que triangulavam diretamente em Belém nesse período do agora chamado ano 0. Jesus - um cara maneiro - nasceu em setembro, período de clima ameno e condizente com a famosa conjunção planetária (quem quiser conferir pegue um bom simulador de eventos celestes e volte à setembro do ano 0, especificamente pelos arredores da Galiléia).

Terceiro ponto: Sou mesmo anti-religião. Todos sabem que minha amiga(?) a santíssima(?) Igreja Católica Apostólica Romana, assim como a Ortodoxa (onde a coisa é mais descarada ainda), que sufocou e queimou o paganismo e diversos ritos e deidades por séculos a fio - não que os pagãos também não tenham sido bárbaros cruéis e insanos celebradores de coisas que pediam sangues de bebezinhos e vaquinhas em altares! - celebram os santos nas mesmas datas e períodos de celebração dos Deuses Gregos. A própria imagem dos santos e maioria das tradições cristãs foi cunhada sobre mitos pagãos do panteão greco-romano. Como com as invasões Bárbaras (Alemães - fazendo merda desde... muito tempo!) a coisa virou toda uma orgia de culturas; como o sol, que aparece bem menos ou até desaparece por meses no inverno nórdico é frequentemente associado às divindades da Luz e da Vida, perdão e da renovação, eram celebrados através de fogueiras e objetos decorados pendurados em pinheiros (...). Mas isso não tem absolutamente nada a ver com seu reveillon nem com sua decoração em seu pinheiro! rs...

Quarto ponto: Mas pior mesmo é a história do velho barbudo; Haviam vários rituais transitórios onde o menino ou até alguns homens deveriam sair nas geadas glaciais de dezembro e matar uma chamada besta das neves, que conhecemos como urso branco polar - protagonizou vários comerciais da Coca Cola e hoje está em extinção graças ao degelo nórdico. Obviamente a pele do animal era arrancada e nosso "herói" voltava vestindo a parte interna da pele de nosso amigo urso de encontro a sua, e com a parte ensaguentada da pele virada para fora. Nos punhos e extremos da "roupagem" formavam-se aqueles tufos branquinhos de pêlo de urso em contraste com a pele ensanguentada do bichão morto. Qualquer semelhança é mera coincidência(?). Velho safado.

Quinto ponto. Todo mundo sabe que toda divindade associada ao Sol era também associada à riqueza, poder, excessos e beleza. Mesmo que tudo seja efêmero. Assim como seu 13º salário é. Vamos voltar à modernidade: sabia que 70% dos inadimplentes brasileiros comprometem fatalmente seus ganhos nessa época? A significância da festa soa mais como consumista, marqueteira e uma grande campanha de vendas pra sustentar nossos comerciantes. O Deus sol criou a Black Friday com a ajuda da desditosa da Lillith - em quem ele dá uns pegas de vez em quando... Criaram também todos esses magazines com essas promoções "imperdíveis" pra você, especialmente. Agem juntos, com essas "imperdíveis" oportunidade de negócios muito bem fechados. Há quem diga que seu Hermes e dona Laverna tenham sua cota de culpa. (...)

Por fim, prezados: não caiam nos encantos do Deus Sol! Ele preparou uma grande armadilha pra nós, latinos, brasileiros, que somos estuprados diariamente com impostos gigantescos. Devia ser inveja de alguma divindade Inca ou Indígena que se fixou por aqui; afinal eles eram bem mais condizentes, inteligentes e avançados.

Brincadeiras à parte, espero que essa simbologia mitológica e meio louca possa acordar-nos para um novo renascer de filosofias, objetivos, altruísmo e consciência de si e do outro. Espero que ajude a encontrar uma resposta do "quem sou eu" de cada um, na história, na filosofia e nos pensamentos; na vida mesmo, porra! O que você faz de diferente?

Gente que choraminga com depressão, enchendo a cara de remédios e dizendo que sua própria vida não presta: que tal uma visitinha a um orfanato, ao INCA, ou a um asilo? Que tal se engajar em causas sociais, em ajudar quem precisa ao invés de ficar se queixando do governo, dos impostos ou do seu IPVA?

Espero, de verdade, que também tenha induzido cada um de vocês a pensar... uma sociedade melhor, da qual tanto carecemos, necessita pensar mais para ser menos manipulada pela mídia e pela política e pelo desejo diário alimentado pelo marketing desenfreado de ideais de aquisição e sucesso baseado em dinheiro e matéria.

Espero ter somado, e desejo, nesse último mês do ano, que se possa somar ainda mais, e despertar uma consciência maior de passado e futuro. Melhor que isso: uma consciência de necessidade, de prioridade, de amor, caridade e do que talvez seja, em essência, a verdadeira salvação de nosso mundo, o despertar de uma era de onde a salvação vem de dentro para fora, e não o contrário.


Feliz NOVO! Que o novo, seja realmente NOVO!

17 de nov. de 2013

Por que simbolizo a sabedoria?





Por influência da mitologia grega, tanto que Athena, deusa da guerra e da sabedoria, tinha uma coruja como mascote. Os gregos consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual e a coruja, por ser uma ave noturna, acabou representando essa busca pelo saber. Há ainda uma outra explicação para tal relação, da qual, certamente, o animal não se orgulharia tanto. Com seus olhos grandes e desproporcionais, a coruja se tornou também símbolo da feiúra. Numa língua nórdica antiga, ela era chamada de ugla, palavra que imitava o som emitido pela ave e que daria origem ao termo ugly, "feio" em inglês. Assim, a coruja segue o estereótipo do sábio, que geralmente é tido como alguém mais preocupado com as divagações interiores que com a aparência externa... Mas não foi em todas as culturas que o animal se transformou em símbolo de inteligência...No Império Romano, por exemplo, a ave era considerada agourenta e seu canto anunciaria a proximidade da morte, e estava ligado diretamente ao Hades. Eu sempre simpatizei com Hades... rs... e como eu sempre achei os romanos uns bundões, e os nórdicos meio idiotas, fico com os Gregos!De todo modo, a falcoaria é um saber a mais! =)

12 de nov. de 2013

Tiro no pé, com bala ricocheteada no peito.


Acho engraçada essa "pseudo-felicidade" que fazem os casais em sua efêmera tentativa de estampar a felicidade, como se fosse um quadro de uma paisagem que não existe. Colorindo versos para tornar mais atraente algo que poucos querem realmente saber... Soa artificial, estranho, e pior: normalmente escorre rápida e efusivamente no córrego tórrido das águas passadas... Como se tivesse um botão nivelador entre "Amor de minha vida" e "Te odeio para sempre", com vários subníveis de sentimentos que necessitam ser expostos como uma experiência de laboratório, em redes sociais onde a maior preocupação de todas é forjar uma felicidade que, se olharmos bem de perto, não existe.
Eu sempre associei efusividade e euforia ao desespero. Quem precisa estampar, desde ofensas até sentimentos mais "nobres" está profundamente desesperado. Existe duas vertentes: estar feliz e se bastar neste saber, ou estampar felicidades falhas e efêmeras em maquiagens e máscaras. A presença de uma certamente denota a ausência de outra.
Falo por mim: sempre que quis exibir algo, estampar na galeria e esperar pela platéia quase sempre venenosa e sugadora, não era real; e honestamente, no fundo, sempre soube que não era... Sentimentos reais se bastam no sentir. A ostentação e a vaidade caminham de braços dados com a infelicidade e a insatisfação. E todas precisam de máscaras, maquiagens, e se despudoram na exibição.
Melhor não julgar; isso foi mais uma observação que um julgamento. Uma colocação aos tantos que se jogam desatentos no mesmo lago derradeiro da (des)ilusão.

10 de nov. de 2013

=)


"...e justamente porque eram diferentes havia encanto entre as pessoas!" (...)

3 de nov. de 2013

Depois da ausência... (Ou Tudo sobre o Mês de Outubro.)




Tudo sobre Rodrigo (ou histeria de mim mesmo)

(...) Já Rodrigo, mesmo parecendo um pouco sorumbático, ficava escancaradamente feliz quando via um casal de velhinhos, ou ainda com peixes ornamentais e aquários, uma noite estrelada, um bebê acarinhado pela mãe, o amanhecer, o fundo do mar, vinho merlot, caldo de ervilhas, sashimi, conversa com velhos amigos, gatos, filhotes de gato, conversa com novos amigos, confraternizações e comunhões, canários, trilhas por caminhos desconhecidos, lentilhas com bacon, pinturas renascentistas, labradores, crianças aprendendo a andar, trabalhos concluídos, pudim de leite, história, incenso, salmão, mitologias de todo lugar do mundo, segunda guerra mundial, sonhos de creme, perfumes, estradas vazias, montanhas enevoadas, um poema marcante, relâmpagos e trovões, capoeira, truta, artes marciais, canetas de nanquim, relógios, instrumentos astronômicos, posições de poder, lírios amarelos, banhos de chuva na beira da praia e planilhas bem elaboradas. 

Por outro lado, Rodrigo não gostava de gritos - especialmente em público -, ofensas, burrice, água de coco, música sertaneja, fanáticos religiosos, gente "cientifica/política/filosoficamente" alienada, descontroles financeiros, berinjela, suor alheio, "veneradores de problemas", libertinagens, demonstrações públicas de afeto, animais maltratados, adolescentes revoltados, Lulu Santos, traição, lagartixas, carrapixo, jóias douradas, fingimento, rúcula, papa de milho, lugares lotados, lugares lotados e lugares lotados (mesmo!), pensamentos negativos, broa de milho ("Só comia a de vovó!"), dentes cisos, canela, peixe ensopado, peixe frito, conexão falha, cronogramas atrasados, inconstâncias, linhas ocupadas, macarrão com arroz, histórias truncadas, chamadas não atendidas e promessas não cumpridas.





Nevasca Tropical


Não, não. Te explico - quase cientificamente: é que naquela época, ter amor próprio para alguém como eu, que tinha imãs presos no coração, era uma mazela cruel. Já fui suficientemente autopsiado pra entender o esquema dessa anatomia escrota.

Hoje não. Hoje a gravidade ainda me trai, entre 10 ou 15 viradas de ponteiro longo, mas me tomba de alturas bem mais suaves. O tempo dos abismos quase planetários e quedas livres, de peito aberto, terminou. Presunção óbvia a minha se disser que criei asas. Ninguém voa de verdade, e falo isso pra fuder essa poética aguda parnasiana, essa surrealidade fúnebre de divinizar o que se julga nobre.

Tenho medo de minha humanidade simples agora; deixei de enxergar umas 44 cores do espectro. Volta e meia sou tocado por um pó de sininho que me devolve a sensibilidade. Sou assaltado pelo passado remoto. Como uma droga dessas que - dizem - rebordam o sangue em momentos inoportunos. Volto, choro, me importo. Depois enrijeço, que nem gesso. Decoro pálido contornos e paredes sem olhar muito para os passantes. 

É tanta neve que de tanto derreter e congelar, um dia vai desabar essa montanha...
Passei mais de década esperando a entrada e discurso de paraninfo. Numa manhã nublada, descobri que eu mesmo era o paraninfo...



Sobre Poder e Vida...


As pessoas mais interessantes que conheço, mais fiéis, mais empáticas, não são tão escoladas; não são tão estudadas e, embora tenham a minha idade, não tem tão grandes ambições pro resto de sua vida. Uma peculiaridade que percebo é que mesmo com suas angústias pessoais, familiares ou profissionais, são pessoas muito mais felizes que as letradas, líderes, escoladas, que ocupam altos cargos, se estressam diariamente e ostentam alto poder aquisitivo. Não sei que inferno se esconde na busca desenfreada por poder e conhecimento. Cada caso é um caso, cada pessoa é uma, mas - por experiência própria inclusive...- percebo que o poder te faz mais frio, mas estático; a resiliência, aliás, obrigatória, te faz mais "inabalável" e consequentemente implacável em certos aspectos; porque essa pressão toda tem que escoar por algum lugar. Vivenciei pouco disso nos últimos anos, mas sinto que me mudou um pouco, na essência. 

A questão é aquela velha, se "dinheiro trás felicidade". Trás sim. Mas trás também poder e consequências. Uma melhor situação financeira, se você não for um empresário sortudo cercado de gente boa e confiável que faça bons investimentos de retorno rápido e tenha uma planilha "feliz" toda em verde e azul (..utópico?), gera uma certa úlcera; e amargura também. Posso me julgar financeiramente confortável hoje, mas tenho muito pouco tempo pra pensar e cuidar de mim ou de outro alguém. É um preço alto, impor ao mundo independência de tudo e terceirizar alguns sentimentos. Dá pra fazer um paradoxo incrível disso com o mundo econômico global, dentro de cada indivíduo. Vejo gente acima de mim, gente boa, gente empreendedora, mas que não viu os filhos crescerem, que tem asco do casamento ou que nem sequer conhece o parceiro, por pura inaptidão ou ainda incompatibilidade de um caráter (ou até dois...) forjados no fogo da batalha de mercado; ou ostenta amigos por trocas de favores - alguns impensáveis! - ou cont(R)(atos) de negócios.

É esquisito. É triste. Mas um blazer, um gel no cabelo e um cheiro de Ralph Lauren escodem algo bem mais profundo, um turbilhão de coisas com as quais não saberemos lidar. Não suportamos aquilo que queremos nos tornar, e perdemos o controle disso a longo prazo.

R. - Tudo sobre o mês de Outubro.

3 de out. de 2013


Bom, posso resumir o último ano num período de grandes lições aprendidas e muito bem catalogadas. A lua esteve negra, esteve cheia, esteve com as dores e delícias de cada uma de suas fases. O sol esteve quente, as nuvens assombraram, as estrelas encantaram as marés se moveram... mas o importante é que foi sempre possível recomeçar.

Se eu pudesse deixar uma dica - e já é velho aprendizado que não há nada mais importante na vida que compartilhar, especialmente as experiências! - seria a sempre ter em si um livro de lições aprendidas. Vivemos uma era onde é cada vez mais importante conhecer mais a si mesmo, e cada vez menos perdoável repetir erros. Isso vale para o pessoal, o profissional, o familiar e em qualquer relação. Que sempre haja então, como em toda primavera, um excelente motivo para se erguer e fazer melhor! Que venham muitas primaveras, a mim e a todos nós! E que em cada uma delas se possa fazer mais e melhor!

Otimismo, força, coragem, paz e luz!

R.



2 de out. de 2013

Mundo Grande - Drummond




"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem… sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo…
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos."
As palavras eu tomei para mim. Assim como a natureza me deu - de olhos, de mãe e de mão - a foto que fiz nesse dia feliz.

29 de set. de 2013

Gosto se discute sim...

Sou do tipo que - admito! - já tentou assistir BBB e a Fazenda pra enxergar o que as pessoas gostam tanto naquilo; pra ser sociável, ter assunto no escritório, no bar, sei lá... Afinal, não é qualquer um que gosta de falar em segunda guerra mundial, quasares, buracos negros, mitologia, astrofísica, espiritualidade, orientalidade, poesia, séries ou filmes totalmente alternativos, e outras sutilezas pesadas como as minhas. Mesmo com esse balaco de TV moderna, já tentei extrair disso algum assunto que fosse interessante, empolgante e - pasmem! - construtivo. Tentei ver novela e me distrair com aquilo. Não funcionou. Houve uma época em que tentei assistir Zorra Total, tamanhos eram os comentários, piadas e frases de humor usadas de lá. Humor que não entendia. Não via graça, não surtia aquele efeito estranho, não alcançava; sei lá o quê. Há quem venha dizer aqui que seu azedo. E talvez até seja um pouco. Mas veja, não se trata de gosto simplesmente: um cara que abaixa as calças de alguém no pátio da escola é engraçado uma vez. Na segunda, menos; na terceira, nenhuma. Mas um que abaixa as próprias calças, é e sempre será um grande idiota.


Acho que na TV aberta se abaixa muito as próprias calças. Aliás, no Brasil, em geral. Mentiu quem disse que nossa bunda não está exposta na janela pra passar a mão dela. E continua divertido.


R.

Perdão - ou "um instante que muda tudo."






Hoje pedi perdão a alguém que ofendi, sem querer. Alguém subordinado a mim. Ver aqueles olhos se iluminarem de novo foi ótimo. Revigorante pro espírito. Me fez pensar em coisas bem interessantes a respeito de mim mesmo:

Quantas vezes ofendo alguém sem perceber, sem me notar?
Quantas vezes posso ser injusto simplesmente porque é mais cômodo a mim?
Quantas vezes pode-se começar de novo, começar melhor, começar feliz, limpo das injúrias do passado?
Quão melhor posso ser hoje, e me tornar melhor com coisas tão simples e tão perfeitas?
Quantas vezes um sorriso estranho pode revigorar suas energias e seu entusiasmo, da maneira mais simples e bela que há?
Quanto de nós se perde por simplesmente preferir deixar as coisas como estão?
Quanto de si se aprende quando nos preocupamos com o outro, seja o outro quem for?


Sem conclusões. É um instante que muda sua vida inteira...

60 segundos submersos em mim.


Um pedido particular, vindo diretamente entre acordos com diretores e gerentes, chega às minhas mãos. Um exame comum, de radiografia dos pulmões. Quase uma cortesia, uma gentileza por assim dizer. De perto, um senhor distinto, de terno e gravata, com olhos gentis e pequenos, ostentando uma fisionomia cansada, pastas cheias de papéis, carteira cheia de cartões e notas altas que num movimento brusco ele fez, de certo modo, questão de ostentar às vistas curiosas do entorno; analisando com mais proximidade, vi movimentos trêmulos como de quem vivesse a angústia constante de ter que estar em algum lugar, fazendo algo. Algo bem conhecido por mim, ultimamente. Se disse viúvo, mas ainda usava seu anel de casamento dourado, vivo, contrastando sua pele desgastada e pálida. Em meio a todas essas conversas pessoais das quais já tinha há tanto me afastado por não lidar mais com o público, surpreende um sussurro daquela pobre criatura, direcionado a mim e ouvido apenas por mim: "Estou com suspeita de câncer...". A frase fazia vazar por entre todas as expressões que os anos estamparam em sua face toda doçura e inundavam preocupação; os mesmos olhos de 3 minutos atrás. Fiquei sem fala. Fiquei sem ação. Me virei um instante enquanto ele continuava: "Tenho me sentido tão só, com vontade de chorar, estou sempre tremendo, e sempre muito, mas muito triste. Fumei demais. Agora estou mais doente, mais triste e mais nervoso." Falou com mais firmeza, talvez tentando demonstrar uma força que não mais existia; mas a voz tremulava falsetes nas palavras finais de cada oração, para denunciar a fragilidade perturbadora que aquele pobre homem carregava por dentro. Leonino, vaidoso, de sapatos engraxados e terno bem alinhado, que poder esse homem pensou ter antes de testemunhar sua própria vulnerabilidade? Me subiu a frase "Não sou médico, senhor." Mas desceu-me o verbo, como desce garganta abaixo de quem engole um remédio ruim. Eu mesmo, tantas vezes senhor do absoluto, das verdades incontestáveis da vida; dos absurdos dos quais me vitimei. Eu, você, ele, eles e elas. Isso.
Fico na dúvida se o tempo realmente nos endurece; no fundo, acho que amolece - carne, pele, osso e alma - nos faz temer, nos faz chorar; arrogantemente nos recusamos a sentir. Nos sentimos agredidos pela vida quando somos assaltados por um problema, ou uma mudança de planos. Nos recusamos a enxergar que a vida nos amolece, aos poucos, desde a virilidade adolescente infalível e imortal em toda sua crença até a resignação inevitável das rugas e cabelos que embranquecem e se vão; o tempo não cura, o tempo nos adoece. E mais importante que nunca é sabermos que a vida nos fala, nos comunica todo o tempo. Nos pede amor, nos pede vida, nos pede bondade. Nos pede coisas que recusamos por capricho; por sentir a derradeiro sentimento de superioridade na mais efêmera vontade de mais. Vontade material, desejo que consome. Somos todos aquele senhor. Pensei nisso, em tudo isso, por 30 segundos, enquanto um quadro se formava em minha mente, um muito familiar dentre todos nós, talvez a Monalisa de todas as entrelinhas do mundo, a fatal coincidência que corrói a todos, lentamente, oxidando fatos do ventre ao túmulo: a certeza. Não quis olhar - nem por curiosidade mórbida, seu laudo. Mas de certo modo, tive um laudo preventivo em mente 100% aplicável a mim, a você, e todo o resto.




R.

13 de set. de 2013

Depois dos gritos, um sussurro...



Sussurro de independência numa sexta feira 13: Azar o seu! É como eu digo. Somos um país movido à bunda e futebol. O RIR e a copa calaram a multidão, como previsto.Temos memória curta e seletiva. Falei isso desde sempre: esses protestos eram muito mais desequilíbrio hormonal adolescente que revolta e injúria. Nunca desencorajei ninguém a lutar pelo que acredita. O problema é no que se acredita... é triste. Até dói pensar. Mas é só isso. Azar o meu, seu e de todo mundo.





8 de set. de 2013

A lua eclipsando Vênus...



Total eclipse of the heart? rs...

Uma metáfora perturbadora...


"Suponha que eu saia agora, escolha uma pessoa qualquer na rua, de modo fortuito, agarre em sua mão e a acompanhe lado a lado com o objetivo de agradá-la. “O que você gostaria de comer? Curtiu aquele sapato? Você tá bem hoje? Aceita um banho bem quente assim que voltar para casa?”

Suponha que eu não desgrude mais dessa pessoa, por meses, décadas, e que não faça nada além de me dedicar a montar uma vida na qual ela seja feliz.

“Quer namorar? Tudo bem, procuro outra empresa. Vamos comprar uma cama nova? E como está seu extrato bancário? Dá uma lida nesses textos, precisamos escolher um psicólogo.” Suponha que eu me interesse tanto pela vida dessa pessoa, que eu sinta raiva de quem a maltrata, ciúme quando seu namorado desvia o olhar, orgulho de seus feitos, inveja das alegrias alheias.

Aceito, me identifico, concordo com tudo o que ela pensa e fala, como se essa pessoa fosse meu centro de gravidade. Brigo e a culpo, porém me sinto culpado junto. Pago por cirurgias plásticas assim que ela começa a se sentir feia. Eventualmente enxergo e beneficio outros seres também, mas só aqueles relacionados à pessoa, que ela chama de meu ou minha alguma coisa.

Na verdade, tenho muita dificuldade em ajudar essa pessoa. A gente combina de cortar tais e tais hábitos negativos, a gente se planeja, mas muita coisa fica parada. Não importa o quanto eu a entulhe de experiências, sempre acabamos frustrados, insatisfeitos. É um relacionamento que me exige muito! Mesmo assim, eu não consigo mais imaginar minha vida após a morte dessa pessoa.



OK, enquanto você ficou imaginando toda essa história, te pergunto agora: me achou maluco, fixado? Ficou abismado, sem entender por que eu desperdiçaria todos os dias da minha vida correndo atrás dessa pessoa?

É absurdo considerar a ideia de me agarrar e me tornar serviçal perpétuo de apenas uma pessoa, mas parece perfeitamente natural quando essa pessoa sou eu. Seguir impulsos, emoções, crenças e visões de mundo de outra pessoa é escravidão… no entanto, o que muda quando essa outra pessoa por acaso é você?

Pois é assim, igualmente agarrados, que vivemos. Não somos nem um pouco diferentes.

A boa notícia: dá para soltar as mãos dessa pessoa que nos acostumamos a mimar, olhar bem ao redor e direcionar nossa atenção e nosso tempo a estranhos, desconhecidos, incontáveis pessoas que nunca habitariam nosso mundo, mas cujas vidas estão ali, escancaradas, para a participação de todos.

É quando minha vida deixa de ser minha que ela começa...."



2 de set. de 2013

Melancolia (Ou "Meu Texto Proibido")

Tinha jurado jamais publicar isso. Mas alguns juramentos são feitos para se quebrar...


Dezembro de 2010


E esse verão esquentando os edredons. É nos edredons que me escondo do mundo. Enquanto todos se banham nas praias, fico aqui, fingindo ver a vida passar, mentindo as horas pr'os ponteiros acelerarem. Esse ano nunca acaba. É como meu estoque de lágrimas. Mas nessa manhã especificamente, onde às 8 da manhã faz 30 graus sob o sol cegante que insiste em invadir espaços de minha cortina, e nem posso dizer que acordei pois ainda não dormi, me sinto seco. Culpa - duvido - do vinho que tomei sozinho, 3 garrafas de merlot. 3 garrafas de meu sangue engarrafado, que insisto em jorrar nas circunstâncias pra criar o mártir da solidão. Talvez nem seja bem, eu, um homem que chorou até secar suas lágrimas. Esse foi Bukovski, e, vai entender o que ele sentiu de verdade. Talvez nem seja eu simplesmente a representação viva de um lamento. A realidade é que mundo nunca gostou muito de mártires, menos ainda de mártires de si mesmos. Os poetas que definharam na história são apenas idiotas dos amantes inconscientes que ainda deslizam no poço escorregadio dos amores efêmeros. Eu não. Eu cheguei no fundo. E com o lodo na cintura descobri que não posso mais chorar. Acabaram os comprimidos, ficaram as culpas. A biologia privou meu direito de chorar. Esse darwinismo escroto que insiste que é preciso evoluir, se adaptar. A cena, almodovoriana que só ela, embora com menos de 15 segundos, não foi bela: fiz uma careta que deve ter sido muito feia, eternamente registrada no globo ocular da vista do quarto sem espelhos. Mas não caiu uma lágrima. Há uma semana não engolia qualquer coisa. Foi, sim, um vício obscuro dos seus beijos, um feitiço daqueles em que você resseca, cem anos, num castelo há cem anos-luz de distância da realidade, esperando um beijo que nunca mais virá. Era o fim. Talvez fosse. Pra ajudar, todos os vinhos, os melhores, em promoção, nesse fim de ano em que todos parecem ter algo a celebrar. Há duas noites enchi minha cara de cerveja e vodka, falei coisas engraçadas com pessoas interessantes, mandei meia dúzia de salafrários à puta que os pariu, me fiz herói de passageiros invisíveis em risíveis aplausos quase criminosos; mas passou. Ninguém lembrará semana que vem. Talvez seja assunto em alguns meses ou anos, numa mesa de bar, falando daquele porre engraçado em que você não soube como chegou em casa e diga não lembrar pro assunto parecer mais engraçado que patético. Mas eu sabia. Eu tenho memória de mármore, gelado, frio, minucioso, calculista, vulcânico, resfriado; eternizada como uma estátua grega, perfeita, Vênus de Milo, sem braços. E aqui, afogado em todos os lençóis de nós dois, eu pisei no fundo do poço. É. Só quem já esteve lá, mesmo que por um dia, é capaz de definir essa masmorra; mas o problema é que estou gostando, estou me apaixonando por esse lugar. Pus uma foto nossa na parede deste porão, agora bucólico, e perfumei essa lama com lírios. Eu sempre gostei de lírios. Amarelos. Até plantei alguns numa parede isolada, cheia de cactos. Acendi uma vela para qualquer coisa que estivesse velando meu invisível. Qualquer companhia se torna agradável quando o silêncio marreta suas certezas. Pura imaturidade.
Mas é engraçado: algumas pessoas também escorregaram aqui pra me fazer companhia. Riem, choram, tomam mais vinho. Como se vinho matasse essa sede por quem já se foi. Esse vinho amargo, forte e seco não tem nada de celebração. E nessa risadaria triste vou me fragmentando, cada pedacinho do meu reino vai caindo. As coisas importantes vão afundando na areia movediça do embate com a realidade. Não tem mais ar puro aqui, só cigarros, evaporados. E respirando essa fumaça você encontra comprimidos, de alguma substância química que serve apenas para acelerar as horas. Escrevo frases quebradas, que talvez não signifiquem nada amanhã. Ou em cacos, me devolvam uma perspectiva fúnebre do que me aguarda em outras estações. Perder a mim mesmo dentro de você é como ser sugado para outra vida. Perder a liberdade de ser um, de me escolher em meio a tanto vaso quebrado. Essas veias escancaradas saltando de mim, olhos avermelhados e rugas que antes não haviam. O cabelo esbranquiçado revela o terror no espelho. Entope minha razão de todo horror de mim, de pensar que isso começou com amor. Tristão sabia; E só na morte encontrou sua Isolda, em meio a desespero, flores, facas, venenos e desencontros. Desprezo os espelhos. Se a realidade era tão óbvia, do que o otimismo poderia me salvar? Nesse buraco aqui, olhando pro alto, onde espero que alguém encha logo de terra. Mas não: a noite, vago como um morto vivo em busca de qualquer coisa que não seja preto e branco. Minha companhia se torna insuportável para aqueles que abandonaram meu buraco, agora minha casa. Essa tolice carente de quem decidiu nunca mais ser enganado. Fico atrás dessa coisa que não existe, apedrejando a realidade e recebendo minhas próprias pedras de volta nesse espelho metafísico. Esse verão eu fiz inverno - ou inferno, diriam os anjos. Não verei andorinhas, nem o mar. Nosso mundo, concomitante, me faz fugir pra esse buraco escuro ignorando o infinito. A noite tento apaziguar a dor olhando estrelas, pensando em outros mundos, desenhando mitos como sempre fiz; indagando esses mundo, até outrora, imaginários, se são reais, se são melhores que esse... E talvez sejam, mas não sejam para mim.

"Almeje sempre a perfeição."

Grita essa voz esquisita; eu me vejo como um monge, cego,​ casto e bêbado,​ de um​a religião estranha onde o fim do mundo se aproxima. ​Minha fé procura esconderijos nesse apocalipse. Meu bunker é aqui, debaixo desse edredom, enquanto você bombardeia flores que, de certo, murcharão. E você nem sabe disso agora. Eu sei. Sempre sei de tudo antes de quase todos. Mas ignoro. Ou ao menos, ignorava. Quanto mais o mundo passar, mais protegido estarei dese furacão de coisas, estilhaçando verdades até ontem absolutas, destruindo minha agenda com tantas farpas e pregos de fuga rasgando as páginas de papel. Pode rasgar; esse ano vai inevitavelmente passar e as agendas vão pro lixo. Esse sono drogado entorpecendo a bipolaridade destrutiva. Algo errado nesses remédios. Só fica a parte negativa. Sabe lá o que será de mim agora, sabe lá que coisa vou me tornar. Sabe lá quanta gente vou ferir pra me vingar de mim mesmo nessa dor imperdoável. Assim nascem os vilões? Assim nascem os antecristos que destroem o amor na incoerência de seus buracos obscuros tramando contra quem acredita? Não quero me tornar isso. Mas estou preso até a cintura. As escolhas morrem quando as correntes são mais pesadas que a bagagem.

Assim nascem os amantes cegos e errantes, aqueles que menosprezam maioridades por não serem capazes de enxergar a grandeza do mundo ensolarado. ​Do choro restaram os soluços; dos soluços fica o silêncio sepulcral de meu cômodo enevoado e fechado; os ecos de um dia inteiro, registrados como riscos na parede carcerária; é como um cabaré fechado, e eu na agonia de uma puta triste que ​viu seu amor se perder em seus próprios atos, ou em sua crença de que uma cama quente 2 vezes por semana salvaria uma eternidade inteira do desfiladeiro. Uma bruxa inocente condenada à fogueira. Nessa inquisição amorosa eu quem fui julgado, condenado e esquecido. Um nome no rodapé da história, apagado pelo suor da minha própria tentativa.

​Não quero ser isso. Só quero que essa cápsula se quebre, que esse livro se feche e que eu possa voltar a mim. Voltar 10 anos no tempo. Refazer minhas escolhas. Jamais poderei. Sei que jamais serei o mesmo. Jamais serei verão.

R.



19 de ago. de 2013

Minha amada imortal...



“Meu anjo, meu tudo, minha alma gêmea; meu próprio ser – Hoje apenas algumas palavras à caneta (à tua caneta). Só amanhã os meus lugares e estadias estarão definidos – que desperdício de tempo… Por que sinto essa tristeza profunda se é a necessidade quem manda? Pode o teu amor resistir a todo sacrifício embora não exijamos tudo um do outro? Podes tu mudar o fato de que és completamente minha e eu completamente teu? Oh Deus! Olha para as belezas da natureza e conforta o teu coração. O amor exige tudo, assim sou como tu, e tu és comigo. Mas esqueces-te tão facilmente que eu vivo por ti e por mim. Se estivéssemos completamente unidos, tu sentirias essa dor assim como eu a sinto. [...] Nós provavelmente devemos nos ver em breve, entretanto, hoje eu não posso dividir contigo os pensamentos que tive nos últimos dias sobre minha própria vida – Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum… O meu coração está cheio de coisas que eu gostaria de te dizer – ah – há momentos em que sinto que esse discurso é tão vazio – Alegra-te – Lembra-te da minha verdade, o meu único tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem-nos mandar paz… 
Sempre Teu.
Sempre minha.
Sempre nossos...
Teu fiel Ludwig”

Uma das cartas de Ludvig Van Beethoven à sua amada imortal. "Minha amada imortal" - Um dos melhores filmes que tive o prazer de assistir, sobre um dos melhores músicos que tive o prazer de passar a vida a ouvir.

18 de ago. de 2013

Uma serenidade lapidada



"Reclamar da vida é o mesmo que chorar pra mamãe pedindo biscoito recheado no supermercado. Além disso, é um ato que evidencia nossos próprios defeitos, tornando nossa presença desagradável. Quando você abre a boca para reclamar de maneira improdutiva (sem a motivação de verdadeiramente mudar algo de maneira positiva), estampa em sua testa um certificado de menino mimado..."


Essas palavras soam como se - se fossem coletivas - instaurariam um silêncio sepulcral em toda humanidade. Ou mais ainda, em outro extremo, seriam um placebo já que o ser humano está sempre pronto a expor uma insatisfação por algo.


A infelicidade mora nas escolhas. Você abre mão de algo para abraçar outra coisa. Mas se for fraco a ponto de pensar no que deixou para trás, fica um eterno escravo da abdicação; escravo de tudo que poderia ter sido e não foi. Aprendi, em minha vida que é preciso abraçar as escolhas com a mesma paixão que a maioria "desescolhe". As pessoas andam abrindo mão de grandes coisas por coisas pequenas, estranhas e insatisfatórias. "Coração de outro é terra onde ninguém pisa...." Sabe lá o que se passa na vida de cada um. Quem sou eu para julgar? Posso começar comigo, e confesso que já comecei faz um tempo. Abracei com paixão shakespeareana tudo que escolhi como meu. Moldei as coisas, ainda que artificialmente, para adequar o que está em meu controle para máxima performance e deixei de me preocupar um pouco com o que já deixou de depender só de mim. Sangrei nesse processo. Dói mudar essa minha natureza de dúvidas e anseios estranhos. Vejo pessoas prostradas, pressionando e aguardando uma decisão alheia sem estarem dispostas a sacrificar sequer 5 minutos de sua vida para entenderem o outro. A famosa "felicidade venha a nós". Fiquei mais individualista, e apesar de todas as "desescolhas", meu saldo tem sido positivo. Estudar até as 0h por exemplo, levantar as 6 sem reclamar do frio, ou deixar de por às mãos de alguém os sucessos de meus projetos. São compensações que serão colhidas por mim mesmo, futuramente. Amores passageiros, empregos sem futuro, cervejas urinadas, pessoas que medem a importância de outras pelo contra-cheque, que gastam horas de exposição pública e falsos compensantes sociais em troca de um mero orgasmo que quase sempre nem ocorre... são tantos piegas que acabei abdicando um pouco das pessoas. Ando completamente sem vida social, sem vida familiar - que aliás, anda passando por momentos delicados... - sem entretenimento; uma vida chata afinal, que nem um quadro cubista moderno cheio de cores mas sem formas inspiradoras, sem moldura, colado numa parede branca. Mas o que é chato afinal? Chato é se poluir com a dependência de uma forma onde o outros deva se enquadrar como uma estátua em meu jardim ou cuidar, eu mesmo da terra em meu jardim e do grande e longo campo de colheita que se apresenta esperando apenas ser semeado, arado pelo esforço e regado pelo suor? Aí é com você.


Eu tive que tatuar, à ferro quente uma resposta em mim. Não foi fácil, e ainda não é. talvez seja isso envelhecer meio sem cor, quando se percebe que alguns sonhos ficaram para trás e viraram areia na maré das circunstâncias, em meio à uma costa oceânica repleta de argumentos. Mas você escolhe uma rocha e se finca nela, até sabendo que não é eterna e às vezes nem terna. Mas sinceramente? Isso tudo é só um pequeno grão de areia no turbilhão das conclusões desse mundo. De todo modo as palavras vieram em boa hora.

Se você realmente quer faça acontecer. Grandes sacrifícios, quase sempre, envolvem grandes compensações. A felicidade é meta, mas também labora na busca. Está em todos os lugares.

R.

Até breve.

11 de ago. de 2013

Texto notívago de domingo.

Fato que estou tendo que administrar, erros e acertos, um a um, lentamente, como se deve fazer com tantos problemas. E são dragões implacáveis de mim mesmo. Fato que às vezes não chego à conclusão nenhuma, sobre nada, minhas dúvidas, anseios, esperas, angústias, caem como água, escorrendo na impossibilidade de meu tempo e inundando o cômodo de minha presença. Incomoda. Dá uma umidade estranha, amarelada; coisas com as quais você não pode fazer nada a respeito, não imediatamente. E para alguém imediatista como eu, uma urgência é como uma sirene berrando colada na minha orelha esquerda, fazendo em pedaços todo o meu sossego. O sono some. As frases se montam como peças num quebra cabeças flutuando no teto... "...eles não me respeitam como líder!" "Há tanto conhecimento a se absorver em tão pouco tempo!" "Deus como pedi tempo livre, tempo hábil..." "Como fui imaturo e inconveniente comigo e com os outros! "Como perdi tempo confiando problemas e fraquezas a pessoas que praticaram tiro ao alvo em minha própria face!" "Essa maldita fatura de cartão de crédito" "Esse maldito aumento de salário..." "Essa maldita taxa de... ... ... ... ..." "Reunião do condomínio" "Celular sem área" "Chuveiro dando choque" "Esse dente ciso é a porta do inferno!"


Olha eu juro, eu tento ser leve. Tento ser leve, mas não dá. Tenho inveja de quem fecha os olhos e simplesmente dorme. Estar em paz, antes do sono, representa minha queda na turbina de todos os meus problemas. 

É duro se sentir impotente. Espero que, na minha vagabundagem antes de agora - tenho abraçado tantas responsabilidades com força ainda longe de exemplar! - tenha deixado um legado de amor e sentimentos, em algum lugar. De conversas sem rumo na beira do mar, problemas desabafados - uns em vão, outros não - e afinidades múltiplas; pois lidar com o ser humano é um terreno de fortes incertezas, e é preciso estar preparado. Para um besta inocente feito eu, de berço e crescimento, que entrou nos turbilhões das verdades, às vezes saindo quase morto de tanta injúria e injustiça, talvez os anos de ócio tenham sido um preparo para lidar com a natureza humana. Que de tão tempestuosa às vezes me deixa assim, pensando nisso numa meia-noite de domingo onde eu deveria estar mais tranquilo que nunca, preocupado só com o amanhã. Mas esse meu mal de sofrer por antecedência me eterniza estúpido. Essa dor no ciso, que não tirei por desleixo, anda aqui a me lembrar de tudo. E eu só queria dormir. Só isso.

R.

8 de jul. de 2013

Resíduos das estrelas.

       São tantas as coisas na vida feitas para enfraquecer; tantas as armadilhas brotando de onde menos se espera. Tanto tempo e tantas horas perdidas com resultantes e resultados inexistentes. É preciso ser bom administrador da vida, para não cair no erro. Vão é um termo relativo.Uns se deleitam em sonhos materiais, ousados de trilhas e vazios de significado. Outros cavam à força caminhos alternativos, saídas, fugas. Há os que também dançam bambas à corda balançante do equilíbrio. No fim das contas estamos todos fugindo de algo. Estamos todos a caminho de um contrário iminente em nossa própria essência, e a essência é inerte. Talvez seja. O movimento é a lei que rege o universo mas um objeto estático é eventualmente empurrado por outro a alguma direção, e, ao se esvair ou crescer, a mudar em função de algo. Não somos tão diferentes das pedras e das estrelas no infinito. Ou das moléculas e átomos inquietos. Somos moradas, somos secos, exaltados, somos controlados, regidos, passados e ultrapassados, avançamos, trombamos, colapsamos e recomeçamos. Mas existe uma parte que é sagrada, deve ser conservada quase intacta, não a física do centro do corpo, mas aquela que pulsa a alma: o coração. Coração no sentido poético, daqueles desenhos de formas perfeitas que estilhaçávamos aos 12 anos sem saber a real dimensão daquela coisa. É o coração que impulsiona os homens, que os fazem ir adiante, que estabelecem lembranças, vínculos, mudanças, estadias, viagens, sonhos e desvios. É ali onde tudo acontece. É dali que brota a vida, cheia de arestas, imperfeita, que moldamos no decorrer dessa louca trajetória que tantas vezes repetimos, dia após dia, século após século, apocalipse após apocalipse, estrela por estrela. Perdemos muito de nós, mas agregamos, deixamos, relevamos em nosso caminho elevações de nossa própria existência, seja ela meteórica ou estelar, cíclica ou repetitiva, atômica ou descomunal. Não importa: estamos todos condenados à brilhar!


R. 8.7.13




Bons costumes por bons costumes...

Pensa... Não sou ateu nem avesso a nenhuma religião. Mas, se a censura fosse extensiva a todos os interesses humanos...

"Brasil, mostra sua cara...!" ou Publicidade púbica

Não fui pra rua. Sei que votei certo. Pesquisei o passado dos meus candidatos e sei do trabalho (exemplar, aliás) de cada um deles. Vou dar minha opinião, quer gostem ou não.

Hoje no almoço dei uma cuidadosa olhada na minha timeline, redes sociais e afins. Vi que é crescente o número de cidadãos maldizendo a Rede Globo. Concordo... exceto por serem essas mesmas pessoas que há um tempo atrás só falavam em BBB e algumas, na mesma semana, estavam comentando novelas das 20h. Infelizmente nossos manifestos estão resultando em rolha pra hormônios adolescentes, moda de entrosamento, aborrecimento no trânsito, MARKETING de todas as formas e o velho jogo brasileiro de jogar em todos os times só pra dizer que venceu. Como é triste a alienação, uma maioria "seguindo o fluxo" pra ver onde vai desembocar. Felizmente eu já sei onde... só não sabe quem não quer!

Ps. que se saiba: não estou partindo em defesa de ninguém. Nem em ataque. Aprendi que, para certas coisas, é melhor não bater de frente. Mas sábado, ninguém protestou...

NÃO É A MÍDIA QUEM VAI LUTAR POR VOCÊ.

Fé, e sua amarga doçura.

26 de mai. de 2013

Tesouro secreto.

Sou virtualmente careta: raramente deixo muito claro ou muito público onde estou. Dificilmente digo com quem estou. Meu mapa público é pobrinho...(rs...). Minha casa nao tem marcação no 4square, só uso gps quando não sei onde estou. Para minha sorte eu quase sempre estou seguro de mim, de onde piso. Isso não me livra da rasteira, mss ao contrário dos que deixam portas abertas, eu uso chaves: poucas, seguras e seletas.
A graça de se mostrar de graça  talvez seja outra... muito menor - certamente - que a recompensa de ser reservado.

24 de mai. de 2013

Clichê?


"Impulso e Resiliência"



     Agora um leve passeio na física, na matemática e no português; resultado: química. Sirva-se.

     Impulso: Ato de impelir ; impulsão. Estímulo, incitamento, instigação.

     Na física ressalta-se: "O impulso sofrido por um objeto (massa constante) depende apenas das quantidades de movimento associadas ao instante antes da colisão e após a colisão, e não de quão rápido se processam as colisões que levam o mesmo estado inicial ao mesmo estado final. A exemplo considere um ovo abandonado em queda livre de uma determinada altura, primeiro sobre uma almofada, posteriormente sobre o chão. A massa do ovo é a mesma em ambos os casos, e provido que as alturas de queda - entre o ponto de soltura e o ponto de contato do ovo com o obstáculo sejam mantidas as mesmas - as velocidades do ovo após cair a distância em consideração também serão as mesmas, em ambos os casos."

     Fosse apenas a física que regesse as pessoas; fossem todos objetos inserindo e repelindo forças apenas. Mas há o coração. Não se sabe até hoje por que bate. Os impulsos elétricos que afetam seus músculos - aliás, únicos no corpo todo - são gerados de maneira misteriosa e inexplicável pela ciência. Teorias aos montes: nada provado. Mas o engraçado nos homens é como fazem coisas sem saber o porquê; sem saber de fato o motivo de se emaranharem em caminhos tão eloquentes e sutilmente suicidas. Repetir erros, por impulsos misteriosos e constantes contraditoriamente explicados em teorias absurdas de necessidade e evasão. Evasão esta que se remete ao bem estar do próximo. Nosso impulso inicial, o de sobreviver, o de agir em função de nós mesmos, embora nos mantenha de pé, nos carrega para os maiores abismos das pseudo-certezas da convicção humana. São muitos repetindo, continuamente erros em relacionamentos, em trabalhos, estudos, atitudes pequenas às vezes imperceptíveis, que são decisivas na matemática da resultante da existência. E quanto mais cartesiano se tenta ser, mais arestas aparecem em torno dos fatos. Aí, meu amigo, não há Pitágoras nem Miletto que resolvam o que já está feito. Tristemente vejo pessoas transformando a felicidade em algo complexo, ceifando colheitas previsíveis enquanto esperava sementes germinarem em ouro; e continuam semeando caoticamente frutos que se, por um instante, frearem seus impulsos malévolos e tão justificados, perceberão a obviedade de sua somatória.

     É isso. Fossemos então objetos sem sentimento, guiados por alguma força misteriosa e cumprindo leis da física sem saber o porquê.O problema veio dessa pergunta: "Por que?". Pergunta que tanto fazemos ao outro e pouco fazemos a nós mesmos. Queremos sim empregar força e sofrer pouca; sem saber que o movimento em si já compreende a mudança. Dê o seu melhor para ter o seu melhor. Não há mais fórmulas possíveis. Não há seguros. Não há certezas. Há apenas o que te impulsiona e o que você recebe de volta. Nada mais.
...


Nas palavras sábias de Joanna de Ângelis:
"Incessantemente, busca a tua identidade real, isto é, descobre-te para o Bem de ti mesmo. Constatarás que não és melhor nem pior do que os outros, mas, sim, o que te faças, isto contará. Com esta conscientização, perceberás que não tens direito a privilégios nem sofres abandono da Divindade.
Tudo quanto te ocorra, transforma em lição proveitosa para o teu crescimento espiritual, pois que para tal estás na Terra. Amealha todas as conquistas e converte-as em lições de sabedoria,com que te enriquecerás de bênçãos."
...


Há algo mais importante que a lógica: a imaginação. Mas se você se deixar escravizar por ela, e deixar que apenas sonhos tomem as rédeas de seus objetivos,  vai se prender a ideais furados, te levar a caminhos inexatos, te fazer cair em sofrimento desnecessário e gerar algo que você considera inútil mas, no fundo, você mesmo criou um demônio na garrafa, que, inevitavelmente, se liberta para devorar sua estabilidade.






"Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos, se não fora presença distante das estrelas!" 

Salve Quintana! Salve sexta! Salve LAR!





Há algo mais importante que a lógica: a imaginação. Mas se você se deixar escravizar por ela, e deixar que apenas sonhos tomem as rédeas de seus objetivos, vai se prender a ideais furados, te levar a caminhos inexatos, te fazer cair em sofrimento desnecessário e gerar algo que você considera inútil mas, no fundo, você mesmo criou um demônio na garrafa, que, inevitavelmente, se liberta para devorar sua estabilidade.






Tenho saudade de coisas indescritíveis, das quais me deixo ressoar apenas sorrisos, pois sem elas, nada seria do que sou hoje.


Tenho saudades de todos, saudades de tudo, mesmo estando longe. Espero que as palavras possam impregnar de doçura e discernimento seus espíritos.

R.






17 de mai. de 2013

Contra-indicações





     Certas poucas coisas em mim são enumeráveis. Normalmente as descartáveis. Não conto amigos, não peso, não descarto. 
     É fato que qualquer sentimento que não seja alimentado pela presença, torna-se filosófico; assim como os alimentados por ideais sutis de pretensão inconstantes com a realidade. 
Se sou amigo falo, acima de tudo o que penso, sem que haja julgamentos. Se sou amigo não escondo segredos ou "passo mel" em flechas antes de atirá-las, quando o tiro for inevitável e necessário. Se sou amigo sou aliado, e por ser aliado vejo de fora coisas que muitas vezes escapam ao espelho do bom senso. Espero que minhas verdades sejam balanceadas com posições e questionamentos saudáveis; não ter dedos como canhões apontados em direção a mim. Não espero segredos, desconfio de quem muda de 
comportamento sem se justificar em palavras; desconfio de quem guarda pra si por medo de machucar.

     Sim, a amizade, verdadeira e honesta, é blindada de tiros, mesmo os supostamente alvejados no peito. 

     O ser humano possui uma mania estúpida de se ofender por qualquer coisa.  De se doer com palavras que serviam apenas pra ajudar e confortar, ou por hora, orientar. De tomar para si o féu e descartar o mel, se debulhando em ferrões de abelha ao invés de simplesmente ouvir e discordar; o equilíbrio se tornou um conceito distanciado... Eu, nem sempre sou capaz de discordar sorrindo. Talvez seja esse meu próximo passo na evolução. No entanto, sinto tanto ser tantas vezes empunhado como um mastro de más interpretações do que digo, estigmatizando o que coloco como bandeiras piratas invasoras. A essa altura, a vida me obrigou um pouco a me recolher de quem não sabe ouvir; mas mais ainda, de quem não sabe falar. Um bando de carapaças carcaçudas andando em círculos em suas ignorâncias e conceitos, e intangíveis do que pode haver de melhor: a honestidade.

     Melhor um mau posicionamento, honesto, que a falsa doçura de aspartame dos culposos e culpados. E nesse unguento, não há sequer gotas de amizade. 


Best Regards!

Rodrigo S. 

15 de mai. de 2013

Perdão.






As pessoas se utilizam do termo perdão como forma de amenizar seus próprios deslizes e justificar, talvez da forma mais covarde, os atos de inconsequência e impulsos que elas mesmas não conseguem controlar. Há uma questão gigantesca acerca do perdão, seja como uma forma de redenção ou como um meio de prolongar erros e se esquivar através de justificativas. De mãos dadas com o perdão, anda a culpa, tímida e obesa, senhora das verdades ocultas que escondemos de nós próprios, mas que insistem em tombar as vendas dos olhos indiferentes que forjam os culpados.
Não se pode julgar ninguém. Mas existe uma certa linha quase indulgente de pessoas que precisam de perdão verbal, palavra formada e lançada como bala de canhão. O perdão aparece com o tempo, em atos, não deve ser pedido ou rogado, orado ou implorado. O perdão vem quando a raiva acaba, ou os sentimentos se amenizam, ou quando a balança das escalas de entendimento se equilibram em nova harmonia. Quando o "João bobo" para de oscilar. 

Perdoem-me, então, eu não queria chegar a conclusão alguma abordando esse assunto. Só ressaltar que paciência é tudo que nos basta para com o outro. Para si, o martírio é bem mais longo...

R.

18 de abr. de 2013

"Soul Parsifal"


"Ninguém vai me dizer o que sentir: meu coração está desperto! É sereno nosso amor e santo este lugar; dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom - eu tive o teu veneno e o sopro leve do luar. Porque foi calma a tempestade, tua lembrança, a estrela a me guiar... Da alfazema fiz um bordado
Vem, meu amor, é hora de acordar! Tenho anis, tenho hortelã, tenho um cesto de flores, eu tenho um jardim e uma canção... Vivo feliz, tenho amor, tenho um desejo e um coração. Tenho coragem e sei quem eu sou! Eu tenho um segredo e uma oração... Vê que a minha força é quase santa: como foi santo o meu penar! Pecado é provocar desejo e depois renunciar. Estive cansado... meu orgulho me deixou cansado. Meu egoísmo me deixou cansado. Minha vaidade me deixou cansado. Não falo pelos outros, só falo por mim: ninguém vai me dizer o que sentir! Tenho jasmim, tenho hortelã. Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã; com a saudade teci uma prece e preparei erva-cidreira no café da manhã. Ninguém vai me dizer o que sentir. E eu vou cantar uma canção p'rá mim!"



Ser malabarista cansa! Principalmente nas horas vagas!

30 de mar. de 2013

Filosofia de dentro da alma


"Não sei crer em algo que não questiono."  - Hypatia de Alexandria

Assisti ao filme "Ágora", que narra a história de Hypatia, a ultima filósofa helenista, cuja biblioteca em Alexandria foi destruída pelos novos representantes do cristianismo, e que encontrou seu fim linxada pelos cristãos por se recusar ao batismo, bem como toda sua obra de filosofia e astronomia queimadas...

Quando me perguntam porque simpatizo mais com ateus, pagãos e cientologistas que com religiosos e digo que a religião é - em quase toda sua totalidade - atraso na ciência, atentado contra as inteligências sociais e exercício de poder, a história está registrada pra não haver chances de argumentação.

Mas há quem prefira ser burro, por fuga. Por hipocrisia. Usar a religião para suprimir um bem maior e manter um falso equilíbrio entre a própria imperfeição e o resto da humanidade.





Os homens preferem reverenciar um ser perfeito, crístico, e oprimir os imperfeitos ao invés de tentarem alcançar uma perfeição individual. Isso perdura, até hoje.


...se eu não acreditasse em Deus eu ia ser psicopata, sabia?
A única coisa boa q eu tiro de ter "aprendido" a acreditar em Deus é a me por sempre na pele do outro...
Já tratei muita gente como experiência científica; já me torturei pra fazer muita coisa dar certo, já abri mão de grandes coisas por um bem estar nem sempre compensado...

Se eu fosse criado numa família pagã, ou sem dogma religioso, eu ia cagar e andar pros outros, pra dor alheia, e até pra algumas minhas...

Como disse Hypatia, quando a perguntaram "Por que nunca se casou?" ela respondeu "Sou casada. Com a verdade." 


Recomendo o filme de corpo, alma e identificação.

7 de jan. de 2013

Poção do amor nº 8.

 


Via Lagos, 06 de Janeiro de 2013.

Papo reto.  

Há quem se apaixone por uma parte, há quem se apaixona por um todo. Há quem se iluda anatomicamente, e simula químicas inexistentes. Vou explicar primeiro numa palavra: Volúpia. Agora posso esmiúçar esse corpo:
Conheço muita gente - e não são poucos - confundindo enormemente a paixão e devoção por um membro, ou uma fatia de carne, ao invés d'uma pessoa completa por si só. São muitos os caras apaixonados por um par de peitos, ou mulheres por um p... ou um corpo musculoso, ou vice-versa, não importa.





  

   O foco é que os hormônios andam sufocando o coração das pessoas. É engraçado e patético ao mesmo tempo; ter um corpo legal e uma aparência boa, ou até um fator que te torne atraente é um jogo a mais. Mas o foco deve ser maior. Acreditar nessa perfeição tão suposta e estranha é uma burrice sem tamanho. Pode existir um peitinho perfeito, ou um par de braços ou pernas, ou um rosto bonito, mas isso não torna a pessoa perfeita. Não uma perfeição duradoura.

   Entenda: o ser humano é cheio de falhas e imperfeições; cheio de vacilos e deslizes, naturalmente. Cotidianamente. A questão não é o que o outro faz com você, pois isso é você quem decide se é ou não capaz de lidar e suportar; a questão máxima da vivência é o que você faz com isso. Se você se der limites, se der ao respeito, se der ao trabalho de tentar fazer alguém feliz, e houver o mínimo aceitável de reciprocidade, parabéns, você está no caminho certo. Mas cuidado pra não estar apenas abocanhando aquela fatia de carne e músculos, pois, no maior clichê dos fatos, nenhum ser humano ficará bem alimentado vivendo só de lanchinho. Assim como a alimentação deve ser balanceada, as relações também devem. Ficar mais bonito(a) para seu parceiro(a) é algo bom, tornar-se mais atraente de alguma forma é saudável para o casal. Mas levar um todo por uma parte é burrice. Busquemos então a perfeição no caráter, na verdade, na honestidade, na fidelidade, nos valores hoje assim tão, "fora de moda". Busquemos aquela pessoa que não é a mais bonita, não é a mais gostosa, mas que vc levanta os lençóis de manhã, olha e diz: - "Porra, mandei MUITO bem!". Só pelo fato dela ser quem é, com o caráter que ela tem e com as alegrias concretas que te proporciona hoje, e quando as rugas se apossarem de seu corpo.

   Não precisa fazer tudo por ela, nem tudo por você, mas se fizerem tudo por ambos, tudo ficará bem. Isso tudo parece de uma simplicidade muito óbvia, e realmente é. Mas as pessoas preferem delusionar, pegando atalhos de silicone, plástica, academia. Essa carência e essa necessidade de ser desejado é o que tomba as relações nos clichês egoístas dos términos e põe as pessoas ladeira abaixo. Todas as bundas também vão ladeira abaixo. Mas o caráter, prezados, o CARÁTER, esse fica de pé. E é tudo que te sobra no fim.


R.