30 de ago. de 2011

Pra quem sabe ler...






A ansiedade correndo sobre a pele.
Mais um cigarro.
O mero esforço de não ceder não pode ser descrito com palavras.
Que haja fé, e que seja grande; não importa em que. Ser fanático por algo em dias tão solúveis quanto esses faz um diferencial enorme, imenso.
Pra certas coisas já não tenho os mesmos olhos. Pra certas coisas já não tenho poder. 
Ter valentia pra não abrir mão de ser feliz é carga pesada para os ombros; e nem sempre o sacrifício é nobre. 
O tempo ensina.
Sejamos nós então, porra, livres da depressão! Não carregando a leveza de não sentir nada, mas sentir com integridade.
E lá estará, mais uma vez, lá estará. Eu não vou saber.
As importâncias, mesmo as erradas, viram memórias e só. Tanta encenação, riso, choro, soluço e verbo trouxe um mundo perto de explodir. 
E mais uma vez você vai entender que as exceções são poucas e raras, e num espelho meio sujo vai se perguntar: onde foi que eu me deixei mesmo? Em que ponto da história eu fiquei antes de começar a me espalhar por aí? A me esfarelar na palma pesada da aspereza?
Aí você se toca sabe? Vai se catar irmão! Se catando, devagar. E demora muito pra se achar. Tem gente que morre sem saber...
Outros preferem fingir que estão bem. Por a venda nos olhos, ou por os olhos à venda.
Ontem, no banco daquela praça do Aterro, eu queria desesperadamente uma companhia. Andei, pensei em ligar não liguei.
"Foi chorando que ele veio ao mundo!" disse uma velha poética... acho todo velho poético, aguentou tudo e só perdeu a saúde. Digo só porque tem gente que perde uma vida - e não to falando de facas ou de cordas. To falando do que se joga fora, das bugigangas do coração. Do que fica arruinado pra sempre.

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Pandemônio! Como eu guardo coisa velha!
Gavetas cheias de papel que, juro eu, um dia, uma falha no sistema do absurdo vai fazer todo mundo me cobrar por tudo que já paguei. Contas velhas que piquei com medo de revirarem minha lixeira, folhetos de agências de viagem que não fiz, telefones sem dono, nomes sem número. Túmulo enfeitado do desapego - sim, porque ele está morto e enterrado! Mas tá ali embaixo, em algum lugar, esperando o velório que não teve. Idéias, projetos... por que diabos inventaram as gavetas? Se essa merda estivesse na minha cara, num balcão, eu teria esperado um dia bem frio e feito uma fogueira. Até São João me sacaneou...
Se eu fosse faraó, seria fácil me enterrar com tudo!
Até das fotos eu me livrei. Entenda: agora sou profissional e tenho o direito de julgar desarmonias e queimar velhas lembranças.
Mas as continhas - todas pagas! - eu guardei de medo. Medo desses bobos que a gente nutre por nada. Por paranóia. Esses medos que lubrificam a nossa queda. Se não a minha, ou a sua, uma certeza eu tenho: minha gaveta vai despencar a qualquer momento!

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Desligar a mente. Queria ficar estático, por 3 minutos, pensando numa tela em branco. A meditação é um exercício difícil. Tenho o praticado demais, a interiorização, a busca por mim. Mas sou afetado demais pelo que está de fora, pelo ambiente, pelas pessoas, pelo amor, pelo movimento. Sou uma mariposa na lâmpada, e me queimo, mas to procurando um vetorial pra isso. E, Deus sabe, já estou quase achando. Graças!


R.

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“Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela. E numa batida mais forte da percussão, num rodopio, girando juntos, ela pediu: -Deixa eu cuidar de você. Ele disse: -Deixo.”
Caio F. Abreu
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"Eu não entendia, não entendo e nunca poderia entender – veja bem, ela dizia me amar. Sim, claro, eu sou uma doente mental que acredita no que nos dizem... "


Fernanda Young