13 de set. de 2017

Encontro com Tetis...


Ato 26: "Encontro com Tetis"

- "Você já imaginou quanto amor se espalha por aí? Quantas histórias se tecem ou deixam de tecer nas certezas e vendavais da vida? Quanto sentimento se vencilha e desvencilha nos porões da natureza humana? Nesse momento, quantos humanos imploram amor de todas as formas, miseráveis e nobres, lacrimosas ou efusivas, levianas ou sólidas, vendidas ou vencidas... Quanto sentimento é necessário pra se fazer uma pessoa?... e como isso tudo nem mesmo poderia caber num mar inteiro...? Quantos homens e mulheres travestem virtudes para parecerem aceitáveis, e esquecem a própria essência, e isso é o culpado de toda desilusão deste orbe... Quanta esperança é necessária para que ao menos algumas delas sejam eternas? Onde mora a verdade? Poderia ser naquele coral... Poderia ser simples."

- "O mar, meu nobre Rodrigo, é pequeno quando interposto a tua mente... Isso chega a assustar. Quanto à verdade, ela mora no coração. E está sufocada."

-"...(Longa reflexão) - eu poderia rir. Mas prefiro ir."


R.
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26 de ago. de 2017

Agosto/2011 - O bardo sussurrou a história que se repetia para sempre no limbo de todas as coisas.


- Vamos; é hora de descer as escadas desse degradê de emoções e sensações. A subida tinha a minha mão. A descida não tem corrimão. A cada degrau uma emoção que deixamos para trás, a cada janela uma memoria perdida. "A fonte do esquecimento está à esquerda da porta do inferno". Bebeis, diariamente, goles homeopáticos. Já anoitece. Pouca coisa mudou. Do dia nublado herdamos a escuridão profunda e crescente do tempo e seu beijo lento, forçado e inevitável. Não há lua nem romances, nem luzes ou nuances. Há aquele medo quase digestivo de quem sente muito e fala pouco. Avançam as horas. Os ponteiros já não podem mais sincronizar as batidas do coração, agora cansado e faminto. Melhor tirar a mesa, melhor lavar essa louça suja e deitar, pra sonhar que ainda estamos acima das nuvens. Viver só seria mais justo se fossemos filmes, cada um de nós, películas giratórias de quadros infinitos e fatos congelados, retornáveis, pausáveis e repetitíveis. Cada rua um roteiro, cada memória um cenário - sem diretor! Porque aqueles como nós já estão exaustos da ordem. Mas o Sol pomposo ilumina a ordem da realidade e cega os sonhos e pesadelos, afasta os demônos e queima os vampiro. Encerramos as mágoas a cada pôr-do-sol, cada lençol, cada ambiguidade escondida nos milhares de recomeços que diariamente ignoramos. Ambígua é a vontade de quem deseja e não alcança, de quem corre e não descança, descalçado de esperança. Minha história, chata e enfadonha que faz torcer narizes, é contada nos vitrais e janelas desse templo, dessa escada, que continuamos descendo sem trocar olhares. Apenas esticando verdades em palavras. No final, lá embaixo está o barco. Num porto. Caronte, moeda e incerteza. Não há nada de seguro nesse porto: o destino é afinal outra paisagem da mesma história. Tece-se, assim, vossa memória. - R.

Agosto/2017

Eu estava com um impulso muito grande de escrever, mas não ia durar. Sabia que não. 
Tinha no bolso as mesmas drogas de sempre, pra acalmar os impulsos que avançavam os contornos.
Esqueci: eu não tinha mais contorno.
Aí parei de escrever.

14 de jul. de 2017

Brilho fosco da madrugada

Sob o brilho de Shaula - o veneno do escorpião



Fragmento de pensamento elucidado em palavras: próximo ao amanhecer. Ninguém mais me liga ou me pergunta se eu tô bem... Me chama para coisa alguma... Me pergunta sobre presente, passado ou futuro... Mesmo as pessoas com quem me relaciono, estão muito mais afim de minha presença do que em saber em si como eu estou. Eu dou pequenos sinais, o tempo todo; mas não quero me sentir chato... Isso, por si só, já não é um sinal? 
No trabalho eu não tenho vínculo com ninguém. Eu trabalho há décadas e não tenho nenhum amigo. Em família reinam as comparações. A mesquinhez. 

Então a questão é que quando você está sozinho assim, há dois caminhos: ou você assume a condição maldita e se isola definitivamente, ou se convence que você está no lugar errado. E quando você  se convence estar no lugar errado você tem um poder assustador de fazer o que quiser, porque sabe na prática que isso não vai afetar ninguém. Se eu quiser sumir agora isso não vai afetar ninguém, exceto gente que não preenche nem nos dedos de uma mão. Quando abandonei as redes sociais descobri isso: que as pessoas estavam mais interessadas no que eu fazia do que em quem eu era...

Eu não sou um recurso. Muito menos um recurso extremo para só ser necessário quando há necessidade. Parece que as pessoas só vêm a mim quando sentem falta de algo meu ou eu posso amenizar ou curar algo nelas. Eu me sinto usado o tempo todo. Como eu me sinto deixou de ser uma preocupação para as pessoas que eu considerava próximas. Era essa a certeza que eu precisava pra saber que não sou daqui. Estou faz muito tempo no lugar errado me prendendo às necessidades de pessoas que não se importam com as minhas.

30 de jun. de 2017

Anjo triste

Anjo triste, anjo triste. Vai embora. Vai logo. Não há trabalho nem ócio pra você aqui.
Eu sei que você vem carregar algumas certezas e deixar outras. Sei que cumpre seu papel. Mas você deve ir agora. Não preciso mais de você aqui.


Ouça minha súplica: ela segue os 8 ventos. Em todas as direções. Sua indiferença não vai me calar.
Vá embora agora. As certezas não vão me destruir nem me construir.
Vai. É preciso ir agora... Não deixe conclusões.

O anjo triste está no espelho.

27 de jun. de 2017

Não vá se perder...

Depois de viver certos tipos de sentimento, vivenciar menos é como involuir. Involuir é diminuir como pessoa. Encolher. Perder a si mesmo. Esse é o maior prejuízo que qualquer homem pode se dar: retroceder de si mesmo. Então, não conte comigo.

13 de jun. de 2017

Conclusão meio-meia-noite


Sim. Sou triste. Não pretendo esconder a faceta que me descreve. A eterna imagem de rapaz estranho e calado que todo mundo pintava. Tão alto. Tão estranho. Tão calado. Como uma torre na cidade escura...

Meu maior problema é sentir demais. E no mundo inteiro, quase não tenho espaço para o transbordar disso. Então olho pro espaço. Nas estrelas, talvez, alguns sentido no amor infinito. Mas as estrelas, silenciosas e milenares, me mostram apenas uma imagem de milhares de anos-luz. Meu presente se perde. Mora em mim a nostalgia maior das perguntas sem resposta. Oráculos, videntes, macumbeiros vendedores, cristãos e bruxas: ninguém responde. Ninguém encontra. Ninguém alcança.



De vez enquando me visita um anjo triste. E me cobre com a sombra de suas asas. Essa hora é a pior de todas; ou a melhor, já não sei dizer. Rende frutos e alívios. Dar sentido às tristezas é melhor que viver alheio a elas. Então vem o terror. A constatação. As vozes gritando na minha cabeça. Grito, choro, tremo, corro, durmo. Eventualmente, durmo mais que a lua, para não presenciar os sons aterrorizantes do dia. Mas o sol sempre volta. Esse é o sinal de que preciso.

5 de jun. de 2017

O amor, segundo Rodrigo Simões

Acho que ninguém nunca será 100% adequado a ninguém. Sério. Esse papo de alma gêmea, metade da laranja  é tudo uma grande balela pra ilustrar uma perfeição romântica que não existe. As pessoas estão cheias de imperfeições. Todas elas. Sejam físicas, temperamentais, de caráter (que é a mais séria se todas...), opiniões, gostos, e comportamentos divergentes.

Mas quando a gente sente alguma coisa mais profunda por alguém isso sublima alguns critérios que cultivamos por orgulho. Ou medo. Ou qualquer outra coisa que a gente se recuse a enfrentar perante a vida.
O amor - esse estranho, que no fundo é o que todos almejam nessa Terra - serve para nos trazer coragem. Não medo. 
Há quem viva apenas do desejo. E no desejo, trai o maior objetivo da vida. A necessidade de se sentir desejado transforma o ser humano em oco, com fardos cada vez mais pesados de trazer boas impressões no outro  - um caminho de correntes. A boa impressão deveria ocorrer naturalmente, em qualquer estância da vida. Caso contrário, você se torna um falso adorno da vida, sem valor ou nada de concreto, repleto de paixões e mesquinharias. 

O mundo está repleto de paixões e mesquinharias; em todos os cantos. O imediatismo faz as pessoas repetirem sucessivamente os mesmos erros, mentirem e ferirem os outros em nome do próprio ego. O amor salva. Machuca, dasatina, desregula. Mas salva. Vibro pelo amor, a mim, a você. A todos. Que o amor reduza a estupidez desse mundo. Que possa ser um fio de Luz e esperança em qualquer escuridão. Que seja a corda que te ergue do fundo. Que seja o ato que conduz toda nobreza necessária. A felicidade existe. E ela mora sempre em outro alguém. Quando encontrá-la, agarre-a. Viva. Seja intensidade num mundo enevoado de escolhas cinzentas...


8 de mai. de 2017

Desabafo global


Eu fico um pouco irritado com "como você consegue gastar tanto pra viajar?" Não consigo. Mas digo a vocês: caro é combo de vodka na balada. Caro é ipva. Caro é roupa de marca. Caro é trocar de carro sempre. É ingresso Vip. Marlboro vermelho. Caro é querer ter uma casa grande e super bem decorada. Caro é se afirmar através da aparência. É dinheiro em poupança. Caro é trabalhar pouco... Você paga o preço das suas escolhas. Eu adoro pagar os preços das minhas. Se você não gosta das suas, não me julgue. 😏

6 de mai. de 2017

A revelação do mestre

"Você tem o dom de ler as pessoas, e mais ainda precisa aprender a receber. E recebendo, sua palavra será sagrada e seguida. Você trilha um caminho de iluminação, não sua, mas dos outros; do mundo à sua volta. Tem o dom da cura, o que é muito óbvio. Mas precisa aprender a se curar. Você tem uma alma sensível e honesta, como um diamante. Protege tudo à sua volta mas não pode se proteger. Precisa alimentar seu chakra coronário, e assim receber. Provém de muitas existências femininas. Você tem uma alma feminina num corpo masculino, não se ofenda, daí vem sua necessidade de proteger. Te vejo como muitas mulheres, mas nenhuma delas uma mulher comum. Sempre expressiva, destacada, líder ou guerreira. Sua aura emana em amarelo e azul. Você atrai muitas pessoas para perto de você de uma maneira completamente diferente. Você tem uma emanação perigosa em vermelho. Precisa de mais cuidado com desperdício de sua energia vital."

Receber... (O Deus que brota de si)


Revelação: chackra coronário. Aceite. Receba. Há ainda pessoas que precisam de opiniões cegas pra se sentirem melhores. Que precisam de flertes vazios pra construírem suas opiniões sobre si mesmas através do superficial. Que para serem qualquer coisa vão eternamente necessitar do aval de estranhos. Só se sentirão bonitas com elogios vazios. Criam conceitos errados da própria imagem. Isso esmaga os sentimentos. Cria a frieza. O orgulho besta e o falso senso de superioridade. É a chaga do mundo moderno: precisar se sentir desejado para se afirmar como indivíduo. Entenda, e não me entenda mal -  essa afirmação precisa ser individual. Precisa ser emitida, não recebida. Perder-se nas opiniões e conselhos-padrão só conduz à má condução das prioridades. É cada vc mais comum: desonra; destrato. Destruição de coisas verdadeiramente nobres. O Deus da nova era é o Deus que brota de si. A lotus de Buda. A energia que verdadeiramente guia o universo com propósito. Seja, em si. Não importa como. Não importa a barreira. Desde o dia de seu nascimento, você não precisa de mais ninguém para ser. Então seja. Caminhe através do véu. Entenda que a luz da qual você protege os olhos é a mesma que vai iluminar seu ser. Não existe nada demais nisso. Não se perca na ferida desse mundo, Rodrigo!

#philosophy #filosofia #despertar #novaera #eradeaquario #desenvolver #development 

O cuidado maior


(Nota mental - fragmento vital) 
Inaceitável!
Não é porque decido ir a fundo num assunto ou filosofia que meu torno uma pessoa "complexa". Coisas simples me deixam feliz: ver meus animais se alimentando, poder ajudar um amigo, conversar por horas e matar saudades, trocar energia saudavelmente, poder lidar (LIVREMENTE!) com qualquer verdade, sem que isso vire um peso. Não precisar fingir. Ser livre de censura. O sol poente. O sol nascente. Uma trilha. Montanhas. O mar ( não só de olhar, mas de estar nele, raso e fundo!). Observar o céu. Encontrar fundamentos para os mitos. Passar a tarde num museu. Desbravar os horizontes. Não sou um ser humano complexo: a incapacidade de algumas pessoas em ser feliz com o simples é que tenta me poluir, me acusando de complexidade; enquanto a verdade é que sou simples como as coisas devem ser. Fico feliz, também, de ter encontrado essa certeza. A VERDADE É QUE É PRECISO TER EXTREMO CUIDADO COM AQUELES QUE SE ALIMENTAM DE BAIXA AUTO-ESTIMA. Esse meu saber me basta.

2 de mar. de 2017

Sobre a superficialidade


Pelo simples fato de ter investido tempo e esforço em usar meu cérebro para o bem, me sinto mal  quando as pessoas fazem julgamentos imediatos sobre coisas que não conhecem. Não tenho intenção de influenciar ninguém, sob nenhuma hipótese. Mas realmente algumas pessoas precisam pensar muito no que dizem e no que fazem. Como disse Einstein, “Grandes espíritos sempre encontraram violenta oposição de mentes medíocres. A mente medíocre é incapaz de compreender o homem que se recusa a se curvar cegamente aos preconceitos convencionais e escolhe expressar suas opiniões com coragem e honestidade.“

25 de fev. de 2017

Uma nova epifania



Há coisas a serem respondidas. Parece que sempre haverá. Algumas conclusões são inevitáveis.




- Sou um espírito livre.
A liberdade pode ser, seguramente, meu único bem. Ou o único que de fato venha a me trazer uma felicidade inabalável. 


- Sou um espírito antigo.
E como tal, sinto-me em cativeiro quando me alcançam as correntes da mentira e maldade humana. 



- Numa bela manhã de verão, caminhei em direção à mim. Apertei minha mão e fiz as pazes comigo mesmo. Nesse inusitado reencontro, todo peso ficou para trás. Toda inconstância ficou de lado, de um lado, para reequilibrar a balança. As escalas se igualaram, e pude finalmente, por mim, me reconhecer feliz. 



- Nenhum motivo é claro. Mas no fim, tudo tem um porquê. Então jamais se pergunte "Por quê". Pergunte-se "PARA QUÊ"!


26 de jan. de 2017

Causa Mortis: indiferença


Epílogo - Causa Mortis: indiferença 

...a resposta era que fazia isso para morrer mais rápido. Já não via saídas. Já não via um papel a desempenhar nessa vida. Já não havia mais escolhas exceto as muito ruins. Então decidiu que o fim se iniciaria. O efeito borboleta de todo amor desprendido de seu espírito havia deixado um buraco irreversível. Curar um espírito é algo difícil. Quase impossível. Quase milagroso. E como também já não era possível acreditar em milagres, e nem sabia exaltar o banal e transformar o simples no trivial fino que alimentaria sua vida, como era comum a todos os mortais, abdicou da eternidade. Começou ali, naquele dia, naquela varanda, a morrer. Uma morte lenta, cruel, mas sempre intencional. Sempre planejada, milimetricamente. Virou à estibordo em direção ao abismo. Como só ele sabia fazer. Ninguém mais poderia salvá-lo. Ninguém mais poderia enxergar o vácuo em seu coração. Ninguém nem sequer era capaz de ver suas lágrimas. Tornou-se então uma bomba relógio. Um naufrágio inevitável. Sabia mais que tudo, que não morreria de amor. Morreria da falta dele. E, a cada segundo, cada palavra, o fim se aproximava. A agonia crescia em seu peito, quase cobrindo o buraco da doença que lhe consumia o espírito. A carne, embora fresca e desejável, já não mais refletia o que carregava o espírito. O sorriso era forjado na obrigatoriedade. Até o verbo ficou artificial. O silêncio se tornou seu melhor amigo. Apenas a escuridão e os ecos demoravam o caminho. Nada mais poderia ser feito. Uma órgão vital havia lhe parado no corpo: a esperança.

13 de jan. de 2017

Se puder sem medo...


​Se puder sem medo​

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás a porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente mas eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava
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12 de jan. de 2017

"CL"

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária."


11 de jan. de 2017

She comes...

No final, ela sempre vem.
Ela sempre aparece.
Ela sempre vem.
E minha tormenta começa...



De minha prisão, eu podia ver. Eu podia vê-la me espreitando. Refletindo.



Quando a lua se enche de brilho é que as vozes ficam mais altas...

Oração em vão (capítulo final)


Passa, tempestade, que eu não quero mais chorar. Passa, passa rápido, ligeira, pra eu não ter que ir pra lá... 
Passa, chove logo: limpa minha calma dessas lágrimas que ardem, e me mancham lá na alma. Cicatriz, a ferro e fogo, passa a dor e passa o sopro, desse vento vão e cão, que me levou de mim. 
Passa, troveja a trova; solidão não faz barulho. O trovão já não me assusta. E da noite só as nuvens, evaporam robustas e injustas, levando nosso amor.

Indiferença.

Passa num relâmpago, me tira dessa dor. Passa fundo e varre a poeira desse temor. Meu medo vai me devorar...
Passa, passa rápido, quer eu quero ver minha constelação, indagar a criação, dessa vida e sua oração.
Passa, anda, corre! Sai de dentro dos meus olhos! Tira da minha cara esse orvalho, de amargura e de cansaço. 
Devolve minha força!
Devolve minha vontade!
Antes que eu me distorça. Antes que eu me acabe...

Indiferença.

Restaura o meu corpo. Cura meu coração. Deixa o sol entrar de novo pela janela, consagrado, puro e limpo.
Mas a nuvem não sumiu. E nela eu sumi. De nós, ficou a piada maior: só você é de verdade. E eu evanesci.

Indiferença.

Vez em quando vou chover, no seu teto estrelado. Lá de longe, lá do céu, lembrará do ser amado.

Desse mundo eu sumi. E a nuvem ficou. Sou agora um sei lá o quê, sem corpo e sem coração. Talvez a poeira que tanto me intrigou no céu.
Te prometo minha ausência. Te prometo eterno silêncio. Te prometo minha clemência. Só não te prometo amor: foi ele quem me levou.

Indiferença.

R.

4 de jan. de 2017

#1941


"Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro desses terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou começando a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor.

Deste-me a maior felicidade possível. Fostes em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler.

O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Fostes inteiramente paciente comigo e foi incrivelmente bom.

Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida.

Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos."

31 de dez. de 2016

2016 - Trilha sonora







. Janeiro - Dancing With Myself - Billy Idol


. Fevereiro - Vem dizer - Dani Carlos


. Março - Thinking about you - Radiohead


. Abril - You're the Storm - Cardigans


. Maio - Wicked Game - (From Game of thrones season 6 trailer)


. Junho - One - U2


. Julho - Último Desejo - Maria Bethania


. Agosto - House of the rising sun - The Animals


. Setembro - Los Hermanos - Elis Regina


. Outubro - La isla bonita (stick & sweet tour) Madonna


. Novembro - Losing my Religion - R.E.M.


. Dezembro - What's up - 4 non blonds


. Janeiro 2017 - Bônus Track - Sweet Dreams - Eurythmics

26 de dez. de 2016

⏱⏳⌛️...

E, até hoje, mesmo agora, não sei se é o tempo que passa, ou eu que passo no tempo...


25 de dez. de 2016

Roda da fortuna (ou "conclusão sobre a porra do amor")


Duas pessoas que se amam só se aproximam em duas circunstâncias: para de fato se amarem ou para se consumirem - quando a piada maior desse mundo é que ambas, amar e consumir, giram a roda da vida!


R.

19 de dez. de 2016

Boas festas...



​​
Difícil começar a dizer. Não quero que essa seja uma dessas mensagens bobas de fim de ano, que estacionam no email sem nunca ser lidas. Cumpro minha função de emitir. Mas vou começar pelo começo, e tentar ser breve, ainda que sem cair no genérico. Como criei em mim e em meus atos, padrões, por padrões respondo hoje. Como sabem, estou passando um momento de interiorização, busca, cura e luta. Mas devo a cada um de vocês breves palavras, que espero que possam despertar bondade, mesmo onde aparentemente só haja escuridão.

Primeiro, seja o que for, faça com carinho. Faça com carisma. Faça com respeito. Coloque suas emoções no que você faz. Sua vida está terrivelmente errada se não há paixão, apego, preocupação é consideração com qualquer um que cruze teu caminho. Se o único beneficiado for você mesmo, não há sentido. Não há significado. Não há vitória individual. O amor está em tudo. Especialmente naquilo que não entendemos. No que não proferimos. No que rejeitamos, de maneira infiel e vulgar. Ou no que abraçamos com nobreza e perdão. O amor mora no irreal. Habita a desarmonia nos homens. O amor o é por si só: em excesso ou na falta, sempre estará lá. É luz e sombra, presença e ausência. Provoca, seja o que for. Ou no raro equilíbrio das coisas, faz crescer. Floresce em si o que carece de mudança. É a inteligência do sentido maior de estar na carne: sentir o outro. E esse sentido se perde se você só pensa em si. 

Seguindo, compartilhe! Andei assustado com as pessoas, com o individualismo do mundo. Com as indulgências e trocas torpes que as pessoas batizam de amor na água desbenta do engano. Hoje pode ser o último dia de alguém. Essas podem ser as últimas horas de uma vida inteira. O futuro é tão incerto, que nossas certezas podem ruir, a qualquer minuto, num castelo de areia. Mas há, e sempre haverá a esperança. Um instante pode mudar a eternidade. Quanto tempo se leva para reconstruir uma eternidade? O mesmo tempo de um instante! Mude hoje. Faça hoje. Diga hoje. Encontre nos erros a solução para viver. O recomeço é nesse instante. O impossível agora é o breve instante futuro onde todos os destinos poderão ser mudados. Seja responsável. Seja honesto. Tente, todos os dias, deixar seu melhor em alguém. Essa é a real recompensa da existência.

Por fim, apenas ame. Ame sem porquês. Ame sem medo. E quando o medo vier, enfrente. Não tema o outro. Não tema a si mesmo. É verão e faz frio no mundo. São os egos que estufam de enganos e desenganos. Ponha, agora, beleza por onde passar. Não há nada mais importante que deixar o seu melhor. A única herança verdadeiramente real. Parece, aos nossos olhos, que o queixume e a covardia que movem este planeta. Mas não, não deve. O tempo deve sempre se mover para o melhor. Estamos todos "condenados" à evoluir. E quanto antes pudermos melhorar este mundo, neste exato instante, será a marca futura para que o bem prevaleça.

Nesse instante, peço a vocês perdão por toda palavra de ofensa. Por todo veneno que possa ter se criado em qualquer circunstância, sem certo ou errado. Peço a vocês perdão por minhas imperfeições, em tantos momentos. Todas as ausências (que mesmo que fujam ao entendimento de cada um, foram necessárias), todos os excessos(falhas que ainda posso corrigir); peço perdão por pecar. E se há pecado, o pecado é o de não se importar. Neste mundo, existe um grande plano para cada um de nós. Plano com prazos, exigências, demandas, sacrifícios e desventuras - necessárias para um bem maior. Peço perdão por todo veneno de minhas palavras e atos, fatos, ofensas, arrogância e deslizes. Peço perdão por todos os momentos em que me perdi, que agi com irresponsabilidade, que agi com aparente indiferença - coisa que absolutamente e unanimemente não compõe minha natureza. Peço que cuidem da sua saúde. Da saúde dos que estão em torno de ti. Emanem teu melhor. Deixe fluir as energias do fundo do seu ser: seu ser infantil, amável, puro, despreocupado e livre e julgamentos. Nesse momento sou apenas amor e perdão. E me sinto frágil nos espinhos do mundo que, por hora, me acerca. Quero ser, e quero que você também seja, luz na escuridão.

Desejo não apenas um 2017, mas uma vida inteira próspera de bons atos. Próspera de amor. Que a matéria signifique menos. Que repensem nesse natal as coisas boas e simples que podem fazer por qualquer ser vivo que cruze seu caminho. Nos aparatos da verdade, na construção de algo sólido e bonito para o futuro. Estarei olhando por todos, vibrando em preces e toda luz que puder emitir, em pensamentos positivos de coragem e amor (coisas tão necessárias para constituir espíritos imperfeitos como os nossos!). 

Que recebam com carinho minha presença impossível nesses dias obscurecidos em que a natureza humana costura-se em mentira e indiferença, dias de hoje e que ainda seguirão. Mas com a certeza do Sol, de um jeito ou de outro. E possam ter esperança no amor. Amo você! Mesmo que cada pedacinho meu pereça no tempo, no erro de ontem, no óbvio de agora, no imprevisto imprevisível dos dias seguintes e na inconstância de todas as coisas: com toda superioridade do Cosmos, Amo você...

R.



18 de dez. de 2016

Quase ficção


Era uma vez um tempo cálido. Um templo perdido nos calendários dos homens. Quando todos os sóis eram dourados. Eu vestia uma armadura clara. O perigo parecia longe. A chuva era doce. Até as mentiras eram inofensivas, mesmo que dissessem que isso não existe... nesse lugar não havia julgamento, porque não havia o que julgar: eu vivi lá. Um dia meu castelo desmoronou. Minha princesa perdeu a coroa. Minha armadura quebrou. Então, eu vim morar aqui. Junto ao sonho de voltar...

Toque...


Conto das 0h- "Toque"

A dor andou me fazendo uns carinhos. Eu abracei. Acariciei a dor. Demora, depois tudo escorre: o lado de fora expõe a dor. Pele, pêlo e apelo. Aí vem a mágoa, a escória, o roxo que nunca sara. "Não toque em mim agora!" Por fim a cicatriz e a memória são os genitores do trauma... A carícia da dor é ingrata, falsa e inevitável. E pior, de tudo: mora em todos os abraços. Ah, Deus, podia ter me feito de pedra, enfeitando as calçadas e passarelas, de jeito que são os homens e mulheres que se admiram na arte alheia. Mas me deu um coração fraco. Agora? Eu que me cure, ou volte só pro pó das estrelas...

A morte do beijo


Conto das 0h: "A morte do beijo"

O beijo se perdeu. Lampejo. Desejo. Festejo. No choro, escorreu o orgulho. A boca, esperou o beijo - que não veio. O beijo veio correndo, atrasado, desajeitado. Depois parou. Escorregou numa lágrima, levou um tombo e se espatifou no assoalho da expectativa. O amor riu. As mãos até tentaram socorrer, mas o beijo sofreu fraturas. "Ninguém toca no beijo!". Esperaram socorro, que demorou. O beijo chegou morto no peito. Desidratou. Ou só desistiu no caminho. O amor velou. Depois, foi embora sem olhar para trás...


R.

17 de dez. de 2016

Ciranda do nunca mais (ou a evolução segundo Rodrigo S.)


Há alguma coisa se movendo em mim. E é estranho. A mesma estranheza de quem altera uma natureza. Talvez a estranheza do primeiro peixe que decidiu botar a cara para fora da água. Renascer de si, resolver coisas que serão irrevogáveis e sem retorno. Resoluções de uma vida. Será que o peixe que pôs primeiro a cara para fora d'agua pensou que poderia sufocar? Ou pensou que podia, um dia, ter pernas e pálpebras? Porra nenhuma: o peixe não tinha células suficientes para pensar. Eu tenho demais. Coração e cérebro empapados de células. Por isso esse furacão-abismo onde vou me jogar no escuro das incertezas. Algumas claras, outras matemáticas. Outras enevoadas. Mas vou. Organizar o raciocínio é meu ponto fraco. Meu cérebro pulsa, quase ao nível do coração cheio de sopros e taquicardias: são os neurônios distribuindo esse caos nesse furacão, que agora (certeza!) eu mesmo criei. Queria ser como é a maioria: viver de brisa. Correr passos certos. Não falar pelo nariz nem engolir o pensamento indigesto, que mando direto pro ventre que me prende essa merda toda. Queria ser camarão, como é a multidão. Digerir pedras no cérebro e expelir, sabe Deus (ou a biologia!) por onde, os incômodos de meus cômodos já cheios.  Estou transbordando, como sempre estive. Mas minha taça foi rachada. E rápido, bebo dessa água. Preciso. Afogo.
Pronto. Posso ir agora. O mundo gira sob meus pés e eu giro sobre ele. Acabou a brincadeira.

R.

16 de dez. de 2016

Poema-insônia numa noite de Verão no litoral


De toda coisa tomada de mim, de todo tempo escorrido na lamúria miúda dos miúdos já proibidos deste corpo ressecado, perdido entre mentiras e verdades, sonhos mágicos e espinhos, de todo passado escoriado, escorado na incerteza do nada, e na maledicência do pensamento poluído inconsequente e adocicado pelo aspartame-sentimento falso, de desterro: cansativa maldade de jogos de enganos, preso em concreto, desconcreto e desconcertante no adiante do novo sol que insiste em nascer, todo dia, pingando em orvalho a mágoa da madrugada, o roxo da pele que queima no sal do mar (onde arde a cura dos morenos incertos, filhos do litoral ou das cachoeiras, amantes costeiros!)


De todo desgaste, escolhas mal feitas, essência bandida e bastarda bastante e obstante, distante cantante da felicidade forjada e diluída no dilúvio das lágrimas já secas, agora em passos opostos dispostos transpostos apenas por horas e ponteiros secretos e indiscretos indescritíveis. (Choveu, choveu tudo que era nosso. E nossa! Chove todo dia...)


De toda calmaria falsa daquele mar onde tanto me faltou o ar para sufoco e ainda assim, foi pouco - por pouco, tampouco, oco. Ressaca! De toda chuva incandescente e gelada que tocou o teto em noites de frio e calor, dor e rancor, ranço de bebedeira, mamadeira, posições fetais, fecais, injúrias e acusações (nós embarcamos na barca da mentira, que leva direto ao inferno, mas eu saltei o lago de Caronte! Avante! Afronte Afrodite!). 


De tanta mágica e truque, espelhos, pentelho, espuma, cartolas e cartelas de tranquilizantes, analgésicos, calmante e óleo trifásico. Hidratante, purgante, ofegante - Galante! Fui herói de insetos e dejetos de amor e desamor. Comida de rua, carne crua, cama e palavras soltas. Horas de conversa, mundos inventados, mudos ideais falsários, navios naufragados na praia e náufragos com fotos nuas por todos os lados. De todo arrependimento, desprendimento, desvento, evento e desventura abafada na fartura de tudo: esterco e ouro. De tantas falsas conversas e tanto cansaço, escasso, descalço na varanda suja de outras bundas de nomes estilhaçados. Desenhos incoerentes no cosmos, lendas e fendas, como eu incoerente nesse mundo improfundo que não entendo - nem quero! (O mal de ter mil anos na alma, e outros milênios inteiros no peito é que se dorme muito mal...)


Ficou essa tatuagem. E uma estátua seca e fria de mim, no meio do jardim, ao lado do chafariz da fonte do esquecimento, onde finda o arco-íris da tempestade de nós.


Mas eu, pirata, levei o ouro no fim!


R.


ENIGMA PARA INTRANQUILOS

ENIGMA PARA INTRANQUILOS - Neruda

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"Pelos dias do ano que virá, encontrarei uma hora diferente, uma hora de cabelos em catarata, uma hora nunca mais transcorrida, como se o tempo se rompesse ali e abrisse uma janela: um buraco por onde deslizar-nos até o fundo. Bom, aquele dia com aquela hora chegará e deixará tudo mudado:

não se saberá jamais se ontem foi-se ou o que volta é o que não se passou. Quando do relógio cair uma hora ao solo, sem que ninguém a recolha,

e ao fim tenhamos amarrado o tempo, ai! saberemos por fim onde começam ou onde terminam os destinos, porque no trecho morto ou apagado veremos a matéria das horas como se vê a pata de um inseto. E disporemos de um poder satânico: voltar atrás ou acelerar as horas, chegar ao nascimento ou à morte com um motor roubado ao infinito..."



14 de dez. de 2016

Para o fim de dezembro (Perdão)



Quando feri, com palavras afiadas teu coração, foi um modo de dizer as verdades que ninguém jamais dirá a você. E foi doloroso. Como sempre foi afastar alguém que se quer perto. O sentimento não é novidade para mim. Portanto saiba: espero que de alguma forma as nuvens pesadas da tempestade que descarreguei sobre você, sobre nós, possa mover algo em você. Para mim foi como perder algo para que você pudesse ganhar. Para que você tivesse a força necessária e então pudesse vencer os demônios que que te afligem a alma e o espírito. Sangrei e te fiz sangrar, em momentos que agora fogem ao teu entendimento. O que fiz foi, não para que você possa me julgar, mas sim para que possa se julgar. Não espero que no futuro isso seja visto como nobre, heróico ou um tipo de sacrifício. Espero que faça brotar o sentimento da mudança em você. Espero que faça florescer a esperança de alguém melhor. Alguém que tire o mundo inteiro debaixo dos próprios pés e que não venha a estremecer com os excessos que cria no próprio falso-controle sobre tudo, que de tão falso, faz com que você se perca de si e navegue o vazio de atos, fatos e mentiras que tanto venera. Essa dor precisa de um fundamento concreto. Espero que você entenda. Estarei distante, sempre, mas com os melhores pensamentos em ti, para ti e por ti - até mesmo os que teu orgulho duvidosamente te convença que não.

Olhe para o céu estrelado, e eu estarei lá. Olhe para os relâmpagos e a chuva, e você poderá lembrar de mim. No fundo de um cristal bruto, poderá ouvir minha voz. No vento, no mar, no fundo de uma floresta. Eu sempre estarei onde o amor está.

R.

13 de dez. de 2016

Somewhere only we know...

"Book of Taelish" - segundo C. Squire. "Celtic Miths and Legends" em "A lenda do Graal" por Emma Jung e ML von Franz. Minha melhor descrição secular de 2016. [O desfecho.⭐️]

10 de dez. de 2016

Já estive presente

Já estive presente. O prazer é o de sempre. Entre todos os entres. Entre todos os entes, o prazer é o de amar.

Já estive presente. Hoje a dor é ausência. Encanto latente. De ressoar e sonar, a insônia indiferente. Sim, estive presente. E agora no vácuo, do abismo da ausência, onde morrem a rima e o fim. 

Já estive presente. Mas morro aos poucos, sem seus olhos pra olhar.
Antes era presente. E presença é passado: atemporal no meu peito. Temporal de preceitos, a obrigação de sonhar...

Já estive presente, e hoje a cura é infiel. Nosso estar é doença. Nosso toque é o incesto. Maçã podre na cesta. Infeliz e amável!

Já estive presente. Contente, coração e mente. Mas mente a boca, e engana o corpo - no torpor, anticorpo: repelente em palavras. Ainda doce por dentro. Expulsando do sangue a infecção, epicentro da dor.

Já estive presente. E você pressente. Mesmo prepotente, as batidas do meu peito. Rimando seu nome, que meus lábios engolem, e resseca a garganta, com saudade de amor.

Agora sou ausente.  E não importa o que você sente. O que eu sinto, já me arruinou.

Rodrigo S.


Epifania à luz do dia

É preciso pensar positivo. O mundo está cheio de corvos, gralhando negatividades, sussurrando tragédias e maus presságios. A mente deve pensar no bem, pelo bem e para o bem, mesmo quando o bem não parece aparente. 



A luta é inevitável. O pranto, a decepção e a dor são membros da guerra: acariciam com cravos os sonhos e dissipam a esperança daqueles que se rendem ao que é pequeno e vazio. Portanto, elevemos nossa mente nos mais altos patamares do amor universal. Tratemos o outro sempre com máximo respeito, não importa quem seja; não importa a ofensa. Exercite diariamente o perdão em si mesmo, não espere a ofensa ou o erro para aprender a perdoar. Chore quando necessário, tenha sempre o coração aberto. Lutar é preciso, acreditar que o universo conspira sempre para o bem, mesmo quando chegam as nuvens negras: as estrelas sempre estão acima. O sol sempre volta a brilhar. E todas as feridas hão de cicatrizar. Encontre sempre uma razão maior, livre de julgamentos superficiais e belicosos. Traga sempre o amor consigo. E quando vir o amor, abrace sem dúvidas. Se mostre, mostre suas fragilidades e faljas - não há meio mais coerente de ser forte e justo. 



Remover o gesso que criamos em torno de nós, ajuda a ter perspectiva. Expectativa. Metas. Futuro. Ser alguém que não simplesmente sobrevive em busca de bens materiais e status. Mine do fundo de si sua crença mais pura, seu valor mais importante é viva com a intensidade do sol que ilumina o dia. Intensidade não significa destruir-se no mundano ou entregar-se a auto-destruição, torpor e evacuação de energia. Busque no silêncio e na solidão a resposta necessária para ser um ser humano melhor. Mentalize o positivo. Afaste o hedonismo e a superficialidade - coisas que parecem ser o que verdadeiramente nos torna alguém no mundo; os valores do mundo estão invertidos. A idéia de sucesso e ser alguém bem sucedido está aleijada. As idéias de entregar-se a isso parecem socialmente corretas. Mas são efêmeras. Meras sensações. Que, quando evanescem no tempo e na vida, provocam vazio. Não viva de memórias e referências torpes. Viva de coisas que realmente mudem você. 



Para trazer o melhor de si, que está enterrado em toda mazela das pseudo-certezas que a vida e as pessoas nos incutem no decorrer da jornada, é preciso um profundo processo de interiorização. Seu emocional precisa deixar de ser apenas seu, e passar a incluir o próximo como prioridade. Cresça, em espírito, em solidariedade, em piedade e amor, pois o mundo está repleto da ilusão da matéria. Não seja apenas mais um. Não seja uma cópia dos erros alheios. Não seja nada que você mesmo não possa suportar.

R.


18 de nov. de 2016

Purgamor


Madrugada.
E ainda pareço vagar num mundo que não é meu.
As primeiras horas são sempre as piores. Dividido entre o cansaço, a angústia pelo sono ausente, a invasão indecente dos pensamentos afiados, que navalham impiedosamente músculos, Espírito, e pálpebras, mantendo-as escancaradas, expondo a íris inquieta e dilatada na escuridão. Logo as formas preenchem as paredes escuras com imagens. E as vozes do dia ganham forma: demônios alados, borboletas falantes, amantes perdidos. Dentre todos.os rostos nessa multidão-devaneio-insone, estava o seu. Sinto tanta falta dele. Tanta falta de ver você me olhando no escuro enquanto tentávamos dormir. De sua respiração, que de tão fincado em ti, tentava sincronia com a minha. Daquele patético espetacular de ouvir seu coração no meu. Agora não. Agora você é intangível, e sua voz é  a mesma voz desses demônios que insistem em perverter meu sono. Preciso ser honesto: não me lembro bem do seu rosto. De sua voz. De seu cheiro. Só me lembro de que te faltava. Me lembro, plenamente, de nossas horas. As horas, as horas mortas, ninguém toma de nós. Talvez por isso o passado pese tanto para alguém, que como eu, se deu conta lá pelos sete anos de idade que a tristeza e a falta de endorfina criam pânico e carências incuráveis ao longo da vida. Essa definição deve ter mil páginas freudianas, mais umas quinhentas de Jung. Eu só tenho uma parede, que perde o branco no escuro, e se torna o lar de monstros sorridentes que mastigam meu coração. Pronto. Colocar em palavras, ameniza a realidade. Cria perspectiva. Porra nenhuma! Cria distração. Não queria transformar minha dor em entretenimento alheio, mas os monstros aplaudem. Você aplaude. Toda vez que me desespero, ouço aplausos. Achei que podia ir em frente sem nada disso: cigarro, vodka e calmante. Mas estou nu, deitado no meu caos-lençol enquanto sonho que você me olha. Que pelo menos aplauda. Mas sua sombra é muda e aleijada. Mímica do medo. Crua, feia, maldita. Como tudo que restou de nós. Ah, como eu queria ser feito de pedra ao invés de carne. Invejo os que dormem rápido. Invejo os corações limpos. Invejo quem tem essa alegria orgânica de viver e correr pelas ruas de fone, sacudindo dos músculos as navalhas e suando dores. Tenho inveja de muitas coisas simples e pequenas que não me são permitidas. Porque essa consciência - por hora maldita - me tira o sentido e me preenche de sentimentalidades, paixões, feridas molhadas e enxaquecas. 5:45, antes do primeiro raio de luz, eu me vi e fui ao encontro de mim mesmo. Me abracei. Chorei, e acordei na névoa. 
[...]
Eu nunca saí de nós. Eu sou a parte perdida partida amarrada no nó de nós. 

17 de set. de 2016

Confissão de lua cheia


Lua cheia. Confesso a ti: tive receio profundo de enlouquecer. Não da loucura em si, mas dessa coisa toda que sou. Dessas idéias que não consigo concatenar. Dessas tantas bifurcações que compõem meu eu. Estive por um fio de perder o fio, o traço, o laço. Meu relógio quase parou. Tive cãibras, apatia, sopro e rancor. O mar dissolveu minhas dores. O céu me livrou da loucura. A terra encobriu as ruínas. O sol nasceu leve e alaranjado. O medo, meu dragão maior, lentamente se domou. Havia o sol e a lua, e nenhum eclipse desde então... Tudo virou raiz e vigas. Tudo está em paz na selva - a própria e peculiar paz que cabe a uma selva de sentimentos..