5 de set. de 2011

"Poesia invisível"


Não deveriam ser as coisas casuais que te dão paz? São venenos do coração, colesterol, carne, doçura, descaso e casamento. No fim, quando tudo estiver empilhado, e nossos sonhos forem grandes, você vai simplificar: vai transformar esse emaranhado numa linha reta de corte afiado. E no ponto final vai estar o meu pescoço, na linha da lâmina fina da gilhotina.
Então vai! Rápido! Veste sua roupa, e sai sem tomar café. Toma um banho se quiser, pra se lavar de mim. Seja água ou seja lágrima, tudo afoga, mas limpa. Aqui, nesse apartamento grande, você tira meu ar;  é indigno  demais que, além de uma noite inteira, você ainda queira ocupar meus lençóis. Minha cama já está repleta de troféus, mesmo os invisíveis. O que dizia respeito a mim e a você acabou há meia hora atrás. Então sem mais atraso, vai!
Te chamo um táxi, você espera na portaria, para que eu nunca veja em seus olhos o que você diria. Vai em silêncio, ante que amanheça o dia. Corra, para que não morra nem se estrague nossa poesia!

R. 3.9.11