14 de jul. de 2017

Brilho fosco da madrugada

Sob o brilho de Shaula - o veneno do escorpião



Fragmento de pensamento elucidado em palavras: próximo ao amanhecer. Ninguém mais me liga ou me pergunta se eu tô bem... Me chama para coisa alguma... Me pergunta sobre presente, passado ou futuro... Mesmo as pessoas com quem me relaciono, estão muito mais afim de minha presença do que em saber em si como eu estou. Eu dou pequenos sinais, o tempo todo; mas não quero me sentir chato... Isso, por si só, já não é um sinal? 
No trabalho eu não tenho vínculo com ninguém. Eu trabalho há décadas e não tenho nenhum amigo. Em família reinam as comparações. A mesquinhez. 

Então a questão é que quando você está sozinho assim, há dois caminhos: ou você assume a condição maldita e se isola definitivamente, ou se convence que você está no lugar errado. E quando você  se convence estar no lugar errado você tem um poder assustador de fazer o que quiser, porque sabe na prática que isso não vai afetar ninguém. Se eu quiser sumir agora isso não vai afetar ninguém, exceto gente que não preenche nem nos dedos de uma mão. Quando abandonei as redes sociais descobri isso: que as pessoas estavam mais interessadas no que eu fazia do que em quem eu era...

Eu não sou um recurso. Muito menos um recurso extremo para só ser necessário quando há necessidade. Parece que as pessoas só vêm a mim quando sentem falta de algo meu ou eu posso amenizar ou curar algo nelas. Eu me sinto usado o tempo todo. Como eu me sinto deixou de ser uma preocupação para as pessoas que eu considerava próximas. Era essa a certeza que eu precisava pra saber que não sou daqui. Estou faz muito tempo no lugar errado me prendendo às necessidades de pessoas que não se importam com as minhas.