13 de jun. de 2017

Conclusão meio-meia-noite


Sim. Sou triste. Não pretendo esconder a faceta que me descreve. A eterna imagem de rapaz estranho e calado que todo mundo pintava. Tão alto. Tão estranho. Tão calado. Como uma torre na cidade escura...

Meu maior problema é sentir demais. E no mundo inteiro, quase não tenho espaço para o transbordar disso. Então olho pro espaço. Nas estrelas, talvez, alguns sentido no amor infinito. Mas as estrelas, silenciosas e milenares, me mostram apenas uma imagem de milhares de anos-luz. Meu presente se perde. Mora em mim a nostalgia maior das perguntas sem resposta. Oráculos, videntes, macumbeiros vendedores, cristãos e bruxas: ninguém responde. Ninguém encontra. Ninguém alcança.



De vez enquando me visita um anjo triste. E me cobre com a sombra de suas asas. Essa hora é a pior de todas; ou a melhor, já não sei dizer. Rende frutos e alívios. Dar sentido às tristezas é melhor que viver alheio a elas. Então vem o terror. A constatação. As vozes gritando na minha cabeça. Grito, choro, tremo, corro, durmo. Eventualmente, durmo mais que a lua, para não presenciar os sons aterrorizantes do dia. Mas o sol sempre volta. Esse é o sinal de que preciso.